Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Palavras mágicas

26/04/2017 15:09

Dad Squarisi

O assunto circula na internet. Não tem a ver com corrupção ou delações premiadas. Ufa! Trata-se de jeitinhos de dizer. Há palavras e expressões com poder estimulante. Elas motivam, empurram pra frente. Há, também, as desanimadoras, que apostam na estagnação e no fracasso. Ambas condicionam o cérebro e influenciam as ações. Que tal prestar atenção a elas?


Ainda

Ainda é pra lá de bem-vinda. A trissílaba abre possibilidades. É positiva. Compare:

Não tenho casa própria.
Não tenho casa própria ainda.


Viu? O advérbio dá um recado claro. Não tenho hoje. Mas vou ter. É questão de tempo.

Cuidado. Usado em contexto negativo, o ainda pode causar estragos. É o caso desta frase: Minha casa ainda não foi assaltada. Cruz-credo! Xô!

Tentar x experimentar

Compare as duas respostas dadas para a mesma pergunta:

— Você vai entregar o trabalho amanhã?

A primeira: — Vou.
A segunda: — Vou tentar.

Ops! A primeira transmite firmeza. Não deixa dúvidas. O trabalho mudará de mãos amanhã. A segunda funciona como balde de água fria. Dá este recado: é possível tentar, mas muito difícil de conseguir. “Quem tenta não faz”, dizem os psicólogos sem medo de errar.

Experimentar joga em outro time. Inclui ação, curiosidade: Não sei jogar, mas vou experimentar.

É difícil x é desafiante

Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! É difícil bloqueia, paralisa, rouba a energia necessária à ação. Que tal trocá-la? É desafiante ou é um desafio fazem bonito. Abrem possibilidades de sucesso.

Queria x quero

Muitos consideram o queria menos autoritários que quero. Talvez tenham razão. Mas, com eles, o falante fica distante do objetivo. Melhor ser assertivo. Use o presente: quero.

Compare as respostas:

— Você quer um sorvete com calda de chocolate?

— Queria.
— Quero.


Reparou? Enquanto o primeiro se perde na hesitação, o segundo saboreia a delícia.

Mas

Os linguistas estudam o discurso sim...mas. Vale o que vem depois do mas. A conjunção suaviza o que foi dito e enfatiza o que vem depois: Maria estuda muito, mas tira notas baixas.

Reparou na malandragem? A frase elogia, mas, em seguida, desqualifica. Que tal ser generoso? Basta mudar a ordem: Maria tira notas baixas, mas estuda muito.

Não

O cérebro surpreende. A gente diz certa palavra, ele registra outra. É o caso do não. Testes provam que o monossílabo é ignorado quando acompanhado de uma imagem. A gente diz “não pense no cachorro”. A primeira coisa que se visualiza é... o cachorro. A filha repete: “Não quero gritar igual à minha mãe!” Pinta um flash da mãe gritando. A imagem fica reforçada. É provável que ela venha a gritar tanto quanto a mãe.

O não nunca tem vez? Claro que tem. Use-o em negativas simples: Não vou. Não quero. Não posso. Aí, o cérebro o registra a negativa.

Moral da história
Falemos palavras positivas, que tragam realização, que levem ao sucesso. Você pode tudo o que realmente quiser. A língua ajuda.

Leitor pergunta

Quantas vezes devo reler o texto para que ele mereça nota 10?

João Rafael, Brasília

O Manual de redação e estilo da Abril lhe responde: “Seu texto ficará muito melhor depois de quatro releituras. Na primeira, cheque as informações. Não se esqueça dos números. Na segunda, vá atrás de erros de digitação, grafia, concordância, regência, acentuação. Na quarta, corte tudo o que for desnecessário. Finalmente, lamba a cria. Você merece”.

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