Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Deméter, a mãe das mães

Carlos Lacerda: "Mãe é mãe. Genitora é a tua. Progenitora é a vó."

15/05/2017 10:00 | Atualização: 22/05/2017 16:21

Mãe é mãe. É colo. É acolhimento. É, sobretudo, nutrição. Não por acaso ela é identificada com Deméter, a deusa da agricultura. A história vem de longe, lá da mitologia grega. Perséfone encantava a todos por sua alegria e beleza. Era filha de Zeus, o deus dos deuses, e de da senhora das colheitas. Um dia, a garota veio à Terra dar uma voltinha. Hades, o senhor dos mortos, a viu. Apaixonou-se na hora. Então, sem mais nem menos, o chão se abriu e engoliu a mocinha. Antes de desaparecer, ela soltou um grito desesperado. A mãe ouviu.


Deméter procurou a filha durante nove dias e nove noites. Não a encontrou. Inconformada, consultou Hélio, o sol, que tudo vê. Ele sentiu muita pena da mãe. Falou-lhe do rapto. Ela se indignou. Disse que não voltaria ao Olimpo sem a filha, nem faria o que sempre fez — alimentar os mortais.

Faltou comida. Os homens passaram fome. Hermes, mensageiro de Zeus, prometeu trazer Perséfone de volta. Com uma condição: que ela não tivesse provado o alimento dos mortos. A moça voltou. Mas ficou pouco tempo. Ela havia comido três sementes de romã. Hades a levou de volta.

Zeus, então, arranjou uma saída. Todos os anos, Perséfone fica com a mãe durante nove meses. A Terra festeja com a primavera, o verão e o outono. Nos outros três, fica com o marido. Nesse período, a Terra se cobre de gelo. Os grãos não crescem. É o inverno.

Eles disseram

“Deus não pode estar em todos os lugares. Por isso criou a mãe.” (Ditado judaico)

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“A verdade é que a gente não faz filhos. Só faz o layout. Eles mesmos fazem a arte final.” (Luis Fernando Verissimo)

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“A mãe compreende até o que os filhos não dizem.” (Ditado judaico)

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“O coração da mãe é um abismo no fundo do qual se encontra sempre um perdão.” (Honoré de Balzac)

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“À medida que os filhos crescem, a mãe deve diminuir de tamanho. Mas a tendência da gente é continuar a ser enorme.” (Clarice Lispector)

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“Toda mulher acaba por ficar igual à própria mãe. Essa é a sua tragédia. Nenhum homem fica igual à própria mãe. Essa é a sua tragédia.” (Oscar Wilde)

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“Ser mãe não é uma profissão; não é nem mesmo um dever: é apenas um direito entre tantos outros.” (Oriana Fallaci)

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“Em princípio, não há nada que as mães desejem mais para os filhos do que vê-los casados, mas nunca aprovam as mulheres que eles escolhem.” (Raymond Radiguet)

Pãe e mai

O mundo mudou. As famílias também. Mãe assumiu o papel de pai, e pai o de mãe. A língua foi atrás. Criou vocábulos que traduzem a realidade. Ele é pãe. Ela, mai.

É festa

Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Avós, Dia das Crianças, Dia dos Namorados, etc. e tal são datas comemorativas. Nomes próprios, escrevem-se com a inicial grandona.

Sem bobeira

O segundo domingo de maio é pra lá de especial. Shoppings e restaurantes fazem a festa. Exploram o sentimentalismo e tornam obrigatória a conjugação do verbo presentear. Com ele, todo o cuidado é pouco. De um lado, olho no bolso. De outro, na flexão da generosa criatura. No presente do indicativo e do subjuntivo, o nós e o vós perdem o i. Assim:

Presente do indicativo: eu presenteio, tu presenteias, ele presenteia, nós presenteamos, vós presenteais, eles presenteiam.

Presente do subjuntivo: que eu presenteie, tu presenteies, ele presenteie, nós presenteemos, vós presenteeis, eles presenteiem.

Leitor pergunta

Os nomes próprios paroxítonos perderam o acento na reforma ortográfica? Agora temos os Antonios, as Glorias, etc. etc. etc. sem chapéus e grampos?
Womer Wellareo, BH

Vamos com calma, Womer. Anote três observações:

1. Nome próprio é como jogo do bicho. Vale o que está escrito. Se na certidão de nascimento aparece determinada grafia, ela é a marca registrada da pessoa. Não muda.

2. Se não figura na certidão, o substantivo próprio obedece à regra do comum: Coreia, Leia, Goia.

3. Nem todas as paroxítonas perderam o acento. As terminadas em ditongo mantiveram o chapéu ou o grampo. É o caso de Antônio e Glória.

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