Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Novembro azul

06/11/2017 16:03 | Atualização: 06/11/2017 16:11

Dad Squarisi

Outubro se foi. Com ele, o rosa se despiu de prédios e monumentos. A cor símbolo do feminino cedeu o trono ao azul, marca do masculino. A mudança tem explicação. Mulheres e homens precisam conjugar o verbo prevenir em vez de remediar. Detectar o câncer de mama ou de próstata com antecipação é receita certa de cura. Se deixar o mal avançar, a história muda de enredo. Olho vivo!


Sim, sim, sim

Que tal dizer sim à campanha? O primeiro passo é conjugar o verbo aderir. Ele joga no time de prevenir. Um e outro se conjugam do mesmo jeitinho: prefiro (adiro), prefere (adere), preferimos (aderimos), preferem (aderem); preferi (aderi), preferiu (aderiu), preferimos (aderimos), preferiram (aderiram). E por aí vai.

Manhas da cor

Azul tem plural. É azuis (roupas azuis, tênis azuis). Mas, ao formar adjetivo composto, entra no time dos preguiçosos. Ignora a concordância e se mantém no singular: blusa azul-celeste, blusas azul-celeste, vestido azul-ferrete, vestidos azul-ferrete, sapato azul-marinho, sapatos azul-marinho, sapato marinho, sapatos marinho, bolsa marinho, bolsas marinho.

Onde X em que

Qual o erro gramatical mais comum na redação do Enem? Disse que é o pronome onde? Acertou. Mas empregá-lo não é nenhum bicho de sete cabeças. Ao contrário. É fácil como andar pra frente.

Lembre-se. Onde indica lugar físico:

A cidade onde moro. (Cidade é lugar físico.)
O país onde nasci. (País é lugar físico.)
A escola onde estudo. (Escola é lugar físico.)
Minha terra tem palmeiras / onde canta o sabiá. (Palmeiras é lugar físico.) Gonçalves Dias acertou em cheio.

Se o lugar não for físico, esqueça o onde. Dê a vez à duplinha em que:

Na palestra em que falou sobre o Enem, o professor brilhou. (Na palestra é lugar. Mas não é físico.) O onde não tem vez.

Na discussão em que defendeu o amigo, Bia foi moderada. (Na discussão é lugar. Mas não físico.) O onde fica longe da frase. Xô! Xô! Xô!


Rimas da crase

O professor Pablo Flores percebeu a dificuldade dos alunos no emprego da crase. Decidiu, então, facilitar-lhes a vida. Escreveu 14 dicas rimadas sobre o tema. A obra caiu na internet. Sem autoria. A coluna publicou algumas e identificou a fonte — a rede mundial de computadores. O mestre viu, apresentou-se e mandou o conjunto dos versos. Ei-los:

1. Diante de masculino, crase é pepino.

2. Diante de ação, crase é marcação.

3. Vou à, volto da = crase há; vou a, volto de = crase pra quê?

4. A no singular + palavra no plural = crase nem a pau.

5. Com alguns pronomes de tratamento = crase é um tormento.

6. Adverbial, feminina e locução = manda crase, meu irmão.

7. A aquele = crase nele.

8. Palavras repetidas = crases proibidas.

9. Palavra determinada = crase liberada.

10. Se for à moda de = crase vai vencer.

11. Diante de pronome pessoal = crase faz mal.

12. Com hora exata = crase é mamata.

13. Trocando a por ao = crase nada mal.

14. Trocando a por o = crase se lascou.

Leitor pergunta

Onde? Aonde? Nunca sei.
Joana Bianca, Betim

O aonde é respeitável senhora casada. Resulta do encontro da preposição a com o pronome onde. Mas a união só ocorre com verbos de movimento que exigem a preposição a. Os verbos ir, chegar e conduzir, por exemplo. A gente vai a algum lugar. Chega a algum lugar. Conduz a algum lugar: Aonde você vai? Vou ao Rio. Não sei aonde você vai. Gostaria que me dissesse aonde você vai. Cheguei a Brasília. Aonde a Lava-Jato quer chegar? Sei mais ou menos aonde ela quer chegar. Ela provou que tem capacidade para chegar aonde chegou. Aonde nos conduzirão as mídias sociais? Ninguém sabe aonde nos conduzirão as mídias sociais.

Atenção, marinheiros de primeira viagem. Não se precipitem. Nem caiam em armadilhas. O verbo assistir, por exemplo, exige a preposição a (a gente assiste a alguma coisa). Mas não é verbo de movimento. Com ele, o aonde não tem vez: Onde você assistiu ao programa? Não sei onde você assistiu à peça. Pode me dizer onde você assistiu ao espetáculo?

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