Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

A mulher e as deusas - Gaia

"Cada livro meu é uma estreia penosa e feliz." Clarice Lispector

14/03/2018 08:02 | Atualização: 09/03/2018 19:21

Dad Squarisi

Amanhã é o Dia Internacional da Mulher. Trata-se de homenagem justa. Tão justa que se torna desnecessária. A mitologia explica. Ela é a origem de tudo. Sem princípio masculino, criou o céu, as montanhas e o mar. Uniu-se ao céu e teve descendentes. Símbolo da fecundidade, é a mãe do universo e dos deuses. Engloba as qualidades e defeitos humanos e divinos. Daí ser conhecida como a Grande Mãe. Os gregos a chamam de Gaia. Os romanos, de Terra.

Diminutivos

Em data tão especial, flores fazem a festa. Elas recebem rosas, lírios, orquídeas. Pinta, então, pormenor pra lá de importante. Flor e mulher têm diminutivo. O diminutivo tem plural. O plural tem manha. Observe o caminho que percorre:

mulher — mulheres — mulherezinhas

flor — flores — florezinhas

Viu? São três etapas. Uma: pôr a palavra primitiva no plural (mulheres, flores). Outra: retirar o s (mulhere, flore). A última: acrescentar o sufixo –zinhas (mulherezinhas, florezinhas).

Abrangência

Como Gaia, a regra é generosa. Estende-se às palavras que fazem o diminutivo com o acréscimo do sufixo –zinho. É o caso de animalzinho (animaizinhos), botãozinho (botõezinhos), cãozinho  (cãezinhos), homenzinho (homenzinhos), papelzinho (papeizinhos).

E por aí vai.

Mulher e homem

“As mulheres são seres humanos exatamente como os homens — iguais na capacidade de julgar e de cometer erros, se lhes derdes a mesma experiência do mundo e os mesmos contatos; na capacidade de realizar trabalho eficaz, de conservar a cabeça fresca, se lhes derdes o mesmo treino nos negócios; no descortino social, se não as trancardes em casa; e, finalmente, na capacidade de governar, pois, se as mulheres governassem o mundo, não poderiam talvez estabelecer maior confusão nele do que fizeram os homens.” (Lin Yutang)

Leitor pergunta

O fim chegou ao fim? Parece que a palavra morreu e foi muito bem enterrada. No lugar da falecida, só dá final. Preste atenção. Na sexta-feira, deseja-se bom final de semana. Contado o último voto, o locutor anuncia que chegou o final da apuração. O juiz apita depois de 90 minutos de jogo. É o final da partida. E por aí vai. Por que não dizer fim? A palavra é mais curta. Mais econômica.
Cleo Sereno, BH

No duro, no duro, final é adjetivo. Tem obrigação de acompanhar o substantivo: partida final, placar final, resultado final, capítulo final.

 

Fora isso, é vez do fim. Deseja-se bom fim de semana. Chega-se ao fim do ano letivo. O apito do juiz anuncia o fim da partida. Daqui a nove meses, chegará o fim do ano.  

Final está errado? Não. O português é língua versátil. Boazinha, deixa que qualquer palavra vire substantivo. Quer ver? Amanhecer é verbo (o dia amanhece antes das 6h). Se pusermos um artigo na frente dele, vira substantivo (O amanhecer de Brasília encanta os turistas).

Discriminação é crime. Final tem o mesmo tratamento das outras palavras. Pode ser substantivo. Mas mantém o ranço do adjetivo. Melhor obedecer ao lé com lé, cré com cré. Cada macaco no seu galho.


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