Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Israel e Palestina: o pomo da discórdia

%u201CPara ser universal, cante o seu quintal.%u201D Tolstói

16/05/2018 19:52

Dad Squarisi

De um lado, festa. De outro, mortes por atacado. No meio, Jerusalém. Israel e Palestina reivindicam a cidade santa. A ONU dividiu a urbe em duas partes. Uma para cada povo. Os Estados Unidos entraram na disputa. Inauguraram a embaixada do país no espaço em disputa. Resultado: reconheceram os judeus como vencedores da contenda. Daí os confrontos.


Volta à mitologia

A confusão trouxe à tona expressão pra lá de conhecida. É pomo da discórdia. As três palavrinhas remetem à mitologia grega. Eis a história: Peleu e Tétis se casaram. Deram um festão. Os amigos foram convidados. No corre-corre, os noivos se esqueceram de Éris, a deusa da discórdia. Indignada, ela decidiu se vingar. Mandou fazer um pomo de ouro. Nele, escreveu: “Para a mais bela”.

No dia do casamento, a penetra, como quem não quer nada, pôs a maçã dourada em cima da mesa. Atenas, Hera e Vênus se candidataram ao prêmio. Para ganhar o troféu, elas apelaram para o suborno. Ao desfilarem diante de Páris, o juiz, cada uma fez uma promessa:

— Eu prometo tornar você um rei poderoso, dono de toda a Ásia, jurou Hera.

— Eu lhe ofereço a sabedoria e a glória, garantiu a Atena.

— Eu lhe darei o amor da mais linda mulher que existe sobre a Terra. É Helena, a rainha dos gregos, disse Vênus.

Páris escolheu Vênus. A deusa cumpriu a palavra. Ajudou-o a conquistar Helena. Ele raptou a rainha e a levou para Troia. Foi assim que começou a guerra de Troia. Da história nasceu a expressão pomo da discórdia. Significado: causa de uma briga.

Você escolhe

Quem nasce em Jerusalém nada de braçadas. Tem cinco adjetivos pátrios à disposição, todos pra lá de sofisticados: hierosolomita, hierosolimitano, jerosolimita, jerosomilitano, jerusalemita.

O porquê dos porquês

Não deu outra. Nas matérias sobre a transferência da embaixada americana para Jerusalém, o porquê fez a festa. Ora apareceu junto. Ora separado. Ora com acento. Ora sem o chapeuzinho. Algumas escolhas mereceram nota 10. Outras ficaram devendo. Na verdade, não há quem não hesite na hora de escrever uma forma ou outra. Muitos chutam. Mas, como a língua não é loteria, a Lei de Murphy entra em vigor. O que pode dar errado dá. Melhor não correr riscos. O caminho é dar uma estudadinha no assunto. Aprendidas as manhas da caprichosa criatura, empregar uma ou outra torna-se fácil como andar pra frente. Quer ver? Use:

 

Por que

1. nas perguntas: Por que a mudança da embaixada gerou confrontos? Por que judeus e palestinos não chegam a acordo?
2. nos enunciados em que é substituível por "a razão pela qual": É bom saber por que (a razão pela qual) judeus e palestinos disputam a cidade sagrada. Explique por que (a razão pela qual) Israel e Palestina não se entendem.

 

Por quê

A dupla com chapéu só tem vez quando o quezinho for a última – a última mesmo – palavra da frase. Por quê? Ele é átono. No fim do enunciado, torna-se tônico. O acento lhe dá a força: A mudança da capital gerou confrontos porquê? Judeus e palestinos não chegam a acordo por quê?

 

Porque

Com essa cara, juntinho, sem lenço nem documento, porque é conjunção causal ou explicativa: A mudança da embaixada gerou conflito porque Jerusalém é disputada pelos dois povos. Judeus e palestinos não se entendem porque disputam o mesmo território.

 

Porquê

Assim, coladinho e com chapéu, o porquê torna-se substantivo. Para mudar de classe, precisa da companhia do artigo ou de pronome: Explicou o porquê do confronto. Certos porquês quebram a cabeça da gente. Esse porquê se inspira em outro porquê.


Resumo da ópera: não há por que temer os porquês. Quem entendeu a lição sabe por quê.

Leitor pergunta

Juro ou juros?
Celina Borges, Floripa

No singular ou plural, o significado se mantém. A concordância acompanha o número: O juro baixou. Os juros baixaram.


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