Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Adeus, Alemanha

"Sempre considerei a camiseta o alfa e o ômega do alfabeto fashion." Giorgio Armani

02/07/2018 15:14 | Atualização: 17/07/2018 15:06

Dad Squarisi

Eta semana emocionante! A quarta-feira bateu recorde. No mesmo dia, duas sensações diferentes. Uma delas: o gostinho da revanche. A história começou com a derrota da Alemanha. Os campeões do mundo voltaram pra casa na primeira fase. Brasileiros se divertiram. A manchete do Correio: “2 a 0 com gosto de 7 a 1”.


Piadas rolaram soltas. Uns disseram que os germânicos são esbanjadores. Desperdiçaram todos os gols contra o Brasil. Não pensaram no futuro. Outros lembraram a falta de foco. O país investiu em educação, saúde, transporte e segurança. Esqueceu o futebol. Deu no que deu.

Vamos, Brasil

A outra sensação não poderia ser outra: o sabor da vitória. A Seleção de Tite brindou os grandalhões sérvios com dois gols. Não levou nenhum. Os brasileiros vibraram. Em coro, gritavam: “Vamos, Brasil”. Viu? Brasil é o ser a quem os torcedores se dirigem. É o vocativo. Daí a vírgula. Há exemplos pra dar, vender e emprestar: Maria, vem cá. Deus do céu, escutai a nossa prece. Pra frente, Brasil.

Ao hexa

O Brasil conquistará a sexta estrela? Vamos torcer. Se chegar lá, estejamos preparados para lidar com a grafia do hexa. A desejada dos brasileiros pede hífen? Ou dispensa o tracinho? Ela pede o elo quando seguida de h e a. Nos demais casos, vem tudo junto: hexa-homenagem, hexa-advertência, hexacampeão, hexadecimal, hexarreator, hexassubstituto.  

Gol

O plural de gol? Nós preferimos gols. Os portugueses ficam com golos. Há, também, gois.

Vem, México

O México é o próximo adversário do Brasil. A polissílaba nasceu no latim (adversarium). Lá e cá, quer dizer contrário, oposto, rival, concorrente. A palavra formou senhora família. Entre os membros, figuram adverso, adversativo, adversidade, advertência, advertir.

Leitor pergunta

Tenho observado certo exagero no emprego do verbo acontecer. Parece que virou modismo. Estou certo?
Carlos Rafael, Brasília

Você tem razão, Carlos. Acontecer tem poucos empregos. Mas, por capricho do destino, os colunistas sociais o adotaram. A moda se espalhou como fogo morro acima ou água morro abaixo.

O pobre virou praga. Tudo acontece. Até pessoas: Philippe Coutinho está acontecendo na Seleção. O casamento acontece na catedral. O show acontece às 22h. E por aí vai.

Violentado, o verbo se vinga. Deixa mal quem abusa dele. Diz que o atrevido sofre de pobreza de vocabulário. Para não cair na boca do povo, só há uma saída. Empregá-lo na acepção de suceder de repente. Acontecer dá sempre a ideia do inesperado, desconhecido: Caso acontecesse a explosão, muitas mortes poderiam ocorrer.

O verbinho de sangue azul sente-se muito bem com os pronomes indefinidos (tudo, nada, todos), demonstrativos (este, isto, esse, aquele) e o interrogativo que: Tudo acontece no feriado. Aquilo não aconteceu por acaso. O que aconteceu?

Não use acontecer no sentido de ser, haver, realizar-se, ocorrer, suceder, existir, verificar-se, dar-se, estar marcado para. Se você insistir, prepare-se. É briga certa. Melhor não entrar nessa. Busque saídas.

Uma delas é substituir o verbo: O show acontece (está marcado para) às 21h. O festival aconteceu (realizou-se) no ano passado. O crime não aconteceu (ocorreu). Acontecem (ocorrem) casos de prisão de inocentes durante as batidas policiais. O vestibular está previsto para acontecer em dezembro (previsto para dezembro). Não aconteceu (houve) o rigoroso inverno.

Outra é mudar a frase: A prisão aconteceu ontem. (A polícia prendeu o ladrão ontem.) O show de Roberto Carlos acontece em Brasília. (Roberto Carlos faz show em Brasília.) A divulgação do resultado acontece logo mais. (O resultado será divulgado logo mais.) O início da prova aconteceu às 8h. (A prova iniciou-se às 8h.)

PESQUISA DE CONCURSOS