Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Teatro do Neymar

"Se não for possível sintetizar os pensamentos em uma frase, eles não valem nada." Provérbio chinês

05/07/2018 19:20 | Atualização: 17/07/2018 15:06

Dad Squarisi

O Brasil jogou um bolão na segunda. Acertou duas na rede mexicana e saiu de campo invicto. O Neymar, claro, fez seu teatro. Jogou-se no chão, gritou, gemeu e ensaiou contorções com a agilidade de serpente. Convenceu? A cena, tantas vezes repetida, lembra a fábula da ovelha e do lobo. Conhece?


Uma ovelhinha adorava chamar a atenção. Um dia, gritou: “Olha o lobo! Ele quer me comer!” Todos correram para socorrê-la. Ela adorou a notoriedade. Volta e meia, reprisava a história. Sempre falsa. Numa manhã luminosa, o bichão apareceu. A branquinha pediu ajuda. Ninguém se abalou. Resultado: a peluda virou carne de banquete.

E o Neymar? Continua inteiro. Mas se tornou objeto de gozação. Uma piada viralizou na internet. A mãe, em resposta à preguiça do filho de se despedir da cama a tempo de ir à escola, diz ao garoto: “Bora levantar, porque quem ganha dinheiro deitado é só o Neymar”.

O preço

A encenação do craque ganhou destaque nacional e internacional. E fez estragos. Comentarista do programa GloboNews em Pauta disse: “Neymar paga preço muito caro pelo teatro”. Bobeou. Caro e barato estão subentendidos no substantivo preço.

O preço é alto ou baixo. O bem ou o serviço é que são caros ou baratos: As passagens de avião estão caras. O preço das passagens está alto. A consulta do médico está barata. Os remédios estão pra lá de caros. A diária em hotel de luxo custa caro.

Símbolo

Na festa da bola, as cores entram em cartaz. Deixam de ser apenas cores. Tornam-se símbolos. Verde e amarelo é Brasil. Vermelho e verde, Portugal. Azul e amarelo, Colômbia. Azul, Uruguai.

Dizem as más línguas que o Brasil tem mania de grandeza. Será? Pelo sim, pelo não, vale lembrar a grafia das cores que o representam. Há dois jeitinhos de escrevê-las. Um: verde-amarelo. O outro: verde e amarelo.

Alto risco

O verbo mais conjugado durante a Copa? É ele mesmo – assistir. Com ele todo  o cuidado é pouco. Ao menor descuido, tornamos real o risco referido por Mário Quintana: “A gente pensa uma coisa, escreve outra, o leitor entende outra, e a coisa propriamente dita desconfia que não foi dita”. Melhor prevenir. Como? Usar o verbo com a regência adequada:

Assistir = prestar assistência, ajudar, socorrer: O médico assiste o doente. Várias nações assistem os garotos que ficaram presos em caverna na Tailândia. O governo assiste as vítimas do temporal.

Assistir a = comparecer ou presenciar: Assisti a todos os jogos do Brasil. Você assistiu à partida de segunda? Há muito deixei de assistir a novelas. Vocês assistiram ao show?

Leitor pergunta

Corão ou Alcorão? Ouço as duas formas, mas não sei qual a correta.
Carlos Botelho, Floripa

O livro sagrado dos muçulmanos aceita as duas grafias. O al, de Alcorão, é o artigo definido árabe. Ele aparece na maior parte dos vocábulos que nasceram nas Arábias e viajaram mundo afora. É o caso de algodão, alface, alfafa, alfaiate, almofada, almirante, álcool, alfinete, algarismo, álgebra, algazarra. E tantas outras.

***

O Brasil aspira ao hexa? Aspira o hexa?

Vera Flora, BH

Aspirar joga em dois times. É transitivo direto na acepção de inalar: aspirar o ar, aspirar o perfume, aspirar o pó.

É transitivo indireto no sentido de pretender, desejar: aspirar à felicidade, aspirar à promoção, aspirar ao emprego, aspirar a prêmios, aspirar ao hexa.

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