Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Curiosidades da língua

"A inspiração não avisa." Gabriel García Márquez

11/07/2018 18:45

Dad Squarisi

A língua é das pessoas e para as pessoas. Como possuidor e destinatário são pra lá de interessantes, o mais fácil código de comunicação não poderia ser diferente. É cheio de curiosidades. Conta histórias, faz piadas, explica o inexplicável. A coluna de hoje serve de prova. Traz histórias divertidas, explicações necessárias e etimologias olímpicas. Aprecie.


Embaixadinhas

Em tempos de Copa, sobram jogadores pra lá de hábeis. São capazes de dar sucessivos toques na bola – com os pés, as coxas, os ombros ou a cabeça – sem que ela tenha contato com o chão.  O espetáculo se chama embaixada. Mas o nome não tem nada a ver com representação diplomática, Itamaraty & cia. Tem a ver com a forma como se toca na pelota – por baixo. Malandro, o pé começa a manobra embaixo da redonda.

Psiquê e Cupido

Cupido e Psiquê se casaram. Antes, combinaram que ela nunca veria o rosto do deus do amor. Uma noite, a mulher não resistiu. Enquanto ele dormia, ela acendeu uma vela. Ficou tão encantada com a linda figura que deixou cair cera quente no corpo do amado. Ele acordou. E se foi. Até hoje Psiquê chora. Sofre de tristeza, arrependimento e saudade. O jeito é procurar profissional que cura as dores da alma. É o psicólogo, cujo nome nasceu de Psiquê.

Realeza

J, Q e K são três cartas do baralho com imagem. Elas têm iniciais em inglês: j (de jack, valete). Q (de queen, dama ou rainha) e K (de king, rei).

Pirata

Quem primeiro usou o termo pirata para descrever os que pilhavam navios e cidades costeiras foi Homero, na Odisseia. A pirataria marítima começou com os gregos que roubavam mercadorias dos fenícios e assírios. Isso em 753 a.C. Uma série de características marcou os ladrões dos mares: a bandeira com a caveira e dois ossos ou duas espadas cruzadas, o tapa-olho, o chapéu tricórnio, os ganchos nas mãos, as pernas de pau, os papagaios (que eles capturavam pra vender). A palavra continua viva até hoje: rádio pirata, navios piratas.

Exceções

Em português, pouquíssimas palavras terminam com n. Entre elas, hífen, éden, abdômen. Elas pregam senhora peça na acentuação gráfica. A regra diz que ganha grampo ou chapéu a paroxítona terminada com n. A que se finaliza com ns não tem nada com a história. Fica solta e livre, sem lenço nem documento: hifens, edens, abdomens.

100% nacional

A jabuticaba é considerada a fruta mais brasileira que existe. Raramente consegue ser cultivada em outros países. Uma curiosidade: ao que se saiba, é a única árvore no mundo que se aluga. Isso mesmo: em algumas cidades, como Sabará, em Minas Gerais, os proprietários cobram por hora. O inquilino paga e come a gostosura até quando aguentar. Especialistas de Europa, França e Bahia se renderam à pretinha. É o caso do chef Paul Bocuse: “A jabuticaba não é para o bico de todo mundo. Extraordinária! Em Reinações de Nartizinho, Monteiro Lobato dedica um capítulo inteiro à frutinha.

Origem

Ideias não surgem do nada, mas do acúmulo de informações. Segundo o neurocientista Henrique Del Nero, da USP, a criatividade é proporcional ao repertório. “A mente calcula qual a melhor jogada a partir da maior taxa de informações com a menor redundância”. Por isso, fique esperto. Enriqueça seu banco de dados com atividades que, além de despertar a imaginação e a fantasia, gerem novas imagens. É o caso de leituras, viagens e atividades artísticas.

Os pontinhos dos ii

Vamos pôr os pontos nos ii? A expressão não deixa dúvida. Refere-se ao esclarecimento rigoroso de determinada situação. Ela nasceu há muito tempo -- na época em que só se escrevia à mão. Pra evitar que dois ii fossem confundidos com u, passou-se a acentuar o i. No século 16, pontos substituíram os grampinhos. Daí os pontos nos ii.

O &

O símbolo & tem nome. É e comercial. O criador: Marcus Tulius Tiro, encarregado de transcrever os discursos feitos no Senado de Roma. A criatura, que veio ao mundo 63 anos antes de Cristo, tinha uma função – tornar a escrita mais rápida. O & substituía o et (e em português). Com o tempo, o sinalzinho se especializou. Deixou os políticos pra lá e entrou, triunfal, no universo das empresas.

Leitor pergunta

Karaokê já tem grafia portuguesa?

Selma Duarte, Porto Alegre

Caraoquê


A japonesinha karaokê ganhou forma portuguesa. É caraoquê. Uma e outra têm o mesmo sentido. Querem dizer espaço vazio. A razão? Trata-se de casa noturna em que os clientes podem cantar acompanhados de músicos ou gravações. A voz deles preenche o vazio do espaço.


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