Na segunda, saiu mais uma do Ibope. Jair Bolsonaro continua na frente com 28% das intenções de voto dos eleitores. Comentaristas partiram para a análise dos números. Um deles concluiu: “28% não é suficiente para ganhar no primeiro turno”. Outro confirmou: “Realmente, os 28% não é suficiente”. Bobeou.
Regras e exceções
Há uma regra que diz: o verbo concorda com o sujeito em pessoa e número. Mas, na gramática como na vida, nem todos são iguais perante a lei. Alguns são mais iguais. É o caso do verbo ser. Ardiloso, ele ridiculariza autoridades, desclassifica candidatos, mata amores. Pior: confunde a cabeça dos crédulos que pensam que autoridade e jornalista não erram nem mentem jamais.É suficiente
Não caia na armadilha. Com a expressão é suficiente, todo o cuidado é pouco. Se o sujeito dá ideia de preço, peso, medida, valor ou quantidade, o verbo fica no singular. Não se flexiona. Por isso, diga: Trinta pontos é suficiente. Vinte reais era suficiente para pagar o almoço. Dois quilos é suficiente para chegar ao peso ideal. R$ 29 mil é suficiente para contratação de assessores de bom nível.Cilada
Nas frases dos comentaristas aparecem duas formas:1. O percentual está livre e solto, sem companhia: 28% não é suficiente para ganhar no primeiro turno.
2. O percentual está acompanhado de artigo: Realmente os 28% não é suficiente.
Olho vivo! Se o numeral estiver antecedido de modificador (artigo, pronome), perde o privilégio. O verbo se torna igual aos demais. Concorda com o sujeito: Os 28% não são suficientes. Quaisquer 5 mil reais são suficientes para pagar a viagem. Uns dois quilos a mais seriam suficientes para ele recuperar o peso.
Superdica
Todas as vezes que usar é suficiente, não se precipite. Pare e pense. O sujeito está determinado? Verbo no plural. Não está? É a vez do singular. Lembre-se: seguro morreu de velho.Leitor pergunta
O Jornal da Cultura anunciou na segunda-feira: “No Roda Viva, os representantes dos seis candidatos melhor classificados nas pesquisas vão falar sobre educação”. A frase maltratou meus ouvidos, mas não sei explicar por quê. Pode me ajudar?Célio Mata, Camaquã
Professores, quando ensinam melhor e pior, dizem que as formas mais bem e mais mal não existem. É meia verdade. Mas os mestres se esquecem de falar na outra metade. Trata-se do particípio. Antes dessa forma verbal, mais bem e mais mal pedem passagem: No Roda Viva, os representantes dos seis candidatos mais bem classificados nas pesquisas vão falar sobre educação. As francesas são as mulheres mais bem vestidas da Europa. A redação mais bem escrita tira a nota máxima. A mais mal escrita, a nota mínima.
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Com a candidatura Bolsonaro, os militares ganharam protagonismo. Pintou, então, uma dúvida. O rapaz serve o Exército? Ao Exército? No Exército?
Tereza Silva, Floripa
No sentido de prestar serviço militar, é servir no Exército. O mesmo vale para as demais Forças Armadas: Paulo serve na Marinha. Luís, na Aeronáutica.