Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Sua Excelência o leitor

"A inspiração não avisa." Gabriel García Márquez

10/04/2019 18:53 | Atualização: 10/04/2019 19:02

Dad Squarisi

Quem manda na coluna? É o leitor. Para ele escrevemos. Dele esperamos os aplausos, as críticas e as sugestões. A aprovação e a reprovação são bem-vindas. Servem para indicar caminhos. Se agradamos, prosseguimos. Se não, promovemos a correção de rumos. As consultas são, também, pra lá de importantes. Mas nem sempre é possível responder a todas. Por isso, volta e meia, dedicamos todo o espaço a elas. É o caso de hoje. Com a palavra, Sua Excelência o leitor.

A capitão

Temos uma dúvida sobre uso da crase antes da palavra capitão, que, para as Forças Armadas, é um substantivo comum de dois gêneros (apesar de haver o feminino capitã). Nos quartéis, ele é o capitão; ela, a capitão. Trata-se da cultura da instituição. Mas ela nos deu nós nos miolos. Qual a construção correta?
 
a. Entrega de medalha à capitão-de-corveta Maria da Silva.

b. Entrega de medalha a capitão-de-corveta Maria da Silva.
Audiley da Silva, Brasília

Crase é como aliança no anular esquerdo. Indica o casamento de dois aa. Um deles é a preposição. O outro, em geral, o artigo definido. Quando os dois se encontram, não dá outra. É enlace na certa: Jurou fidelidade à pátria. Dirigiu-se à poltrona indicada. Foi à livraria Cultura pegar os livros.

Pintou a dúvida? Substitua a palavra feminina por uma masculina (não precisa ser sinônima, mas tem de ser do mesmo número — singular ou plural). Se no troca-troca der ao, sinal de crase. Caso contrário, nada feito:  

  • Jurou fidelidade à pátria. Jurou fidelidade ao país.
  • Dirigiu-se à poltrona indicada. Dirigiu-se ao país indicado.
  • Foi à livraria Cultura pegar os livros. Foi ao restaurante pegar os livros.
  • Visitou a amiga no fim de semana. Visitou o amigo no fim de semana.

Agora, faça a sua aposta: a capitão ou à capitão? Antes de arriscar, recorra ao tira-teima:

Entrega de medalha à capitão-de-corveta Maria da Silva. Entrega de medalha ao capitão-de-corveta João da Silva. 

É isso. Com o truque, a alternativa é acertar ou acertar. Viva!

Porventura e por isso

Meu filho está no 5º ano. Mas comete dois erros de grafia. Um deles: o advérbio porventura escrito como se fossem duas palavras (por ventura). O outro: por isso grafado tudo colado (porisso). Como posso ajudá-lo?
Cleber Garcia, Santos

Temos poucas regras de grafia. Escrever como manda o dicionário é fixação. Que tal premiá-lo pelo acerto? Diga a ele que vai fazer um ditado com tais e tais palavras. Peça-lhe que faça cópia dos vocábulos — uma, duas, três vezes. Quando ele se sentir seguro, cumpra a promessa. Acertou? Oba! Errou? Vamos repetir. Com leveza, sem punição.

S e z

Reproduzo nota publicada na coluna. “O z figura sempre em sílaba tônica. O s, em sílaba átona qualquer que seja a posição na palavra. Compare: as-te-ca, as-no, cú-tis, bônus. Surdez, mudez, maciez.” Achei a dica simples e clara. Mas surgiu um dúvida — o circunflexo na palavra pedrês. A sílaba tônica é a última. Trata-se de exceção?
Juarez Sá Teles Silva, BH

Não. Com o acento, cessa tudo o que a musa antiga canta. Circunflexos e agudos sempre indicam a sílaba tônica da palavra. Compare: coco e cocô, vivido e vívido, fabrica e fábrica. Os vocábulos terminados em e, seguidos ou não de s, são paroxítonos. É o caso de bate e bates, couve e couves, corte e cortes. Mudou de time? O acento denuncia. Vale o exemplo de você, vocês e, claro, cortês.

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