Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Itamaraty

''A arte da palavra é a mais enganadora de todas.'' Maurice Garçon

14/08/2019 08:00 | Atualização: 15/08/2019 11:41

Dad Squarisi

A indicação de Eduardo Bolsonaro para a Embaixada do Brasil nos States causou polêmicas à direita, à esquerda e ao centro. Uma das questões foi a palavra acordo. Na língua diplomática, ela ganha nacionalidades estrangeiras. Ora inglesa — agreement. Ora francesa — agrément. Qual escolher? Ambas estão corretas. Mas há preferência pela língua da rainha.

Auê no jornal

Os repórteres estavam em polvorosa. De um lado, ficava o time singular. De outro, o plural. A questão: a concordância. EUA dão sinal verde para Eduardo Bolsonaro ser embaixador? Ou dá sinal verde? Ops! Nomes próprios no plural constituem verdadeira armadilha. Mas têm regras claras:

1. Acompanhados de artigo, concordam com ele. Sem o pequenino, ficam no singular: Os Estados Unidos dão sinal verde para Eduardo. O Palmeiras vencerá o campeonato? Minas Gerais fica no Sudeste.

2. As siglas vão atrás. Às vezes, o artigo brinca de esconde-esconde. Não aparece. Mas conta como se estivesse escrito com todas as letras: (Os) EUA dão sinal verde para Eduardo Bolsonaro. MG fica no Sudeste.

Neologismo

“Se a esquerdalha vencer na Argentina, o Rio Grande do Sul será uma nova Roraima”, disse Jair Bolsonaro ao saber da derrota de Mauricio Macri nas prévias argentinas. Os ouvintes estranharam. Entreolharam-se. Um criou coragem e perguntou o significado do palavrão novato na língua.

Foi fácil achar a resposta. O presidente juntou parte de duas palavras. Uma: esquerda. A outra: metralha. Referia-se aos Irmãos Metralhas. Eles formam a quadrilha de ladrões atrapalhados das histórias de Disney. Em bom português: Sua Excelência chamou os vencedores de esquerda de ladrões.

Inspirou-se em Reinaldo Azevedo. O jornalista político escreveu um livro. Deu-lhe o nome de Petralhas — mistura nada fina de PT com os Metralhas.

Por falar em Argentina...

Argentina vem do latim argentinus. Significa de prata, que parece prata, brilhante como prata. Quem nasce na terra de Borges e Cortázar é argentino. Mas quem vem ao mundo na capital, Buenos Aires, é portenho. Por quê? Ali está o porto mais importante do país — o porto de Buenos Aires.


As margaridas 

É uma festa. A Marcha das Margaridas leva 100 mil mulheres a Brasília. Elas têm duas reivindicações. Uma: a agroecologia. A outra: o enfrentamento da violência contra a mulher no campo. Todos os anos, elas ocupam a Esplanada dos Ministérios e hasteiam as bandeiras. Têm especial cuidado com a língua. Antes de escrever, consultam gramáticas e dicionários. Descobriram, na busca, que agroecologia se grafa assim, tudo junto. Por quê? Agro- pede hífen quando seguido de h ou o. No mais, as partes se colam como unha e carne: agro-história, agro-operário, agroindústria, agropecuária, agronegócio. Etc. e tal.

Sabia?

Piauiense é a palavra que reúne o maior número de vogais em sequência na língua portuguesa.

Historinha 

Diana ganhou o cobiçado prêmio de literatura. Oba! Os amigos, felizes, organizaram feliz comitiva pra comemorar. Iriam a Santos. Cada um arcaria com a própria despesa. A felizarda vibrou com a novidade. Estava no carro. Ao lado, o namorado, de carona. Ela lhe falou da festança. Entusiasmado, ele disse alto e bom som: “Eu adero”. Diana freou. Mandou-o descer. Ele, perplexo, bateu asas e voou. Depois, aprendeu a lição. Aderir se conjuga como preferir: eu prefiro (adiro), ele prefere (adere), nós preferimos (aderimos), eles preferem (aderem).

Moral da história: O amor é cego, mas não é surdo.

Leitor pergunta 

Li no jornal de domingo: “A avó valorizava o trabalho e o resultado do mesmo”. O emprego do mesmo está correto?
João Maria Madeira Basto, Brasília

Não. É proibido usar o dissílabo no lugar de substantivo ou pronome: Fui ao médico. O mesmo me receitou antibiótico. Xô! Fui ao médico. Ele me receitou antibiótico. A avó valorizava o trabalho e o resultado obtido.

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