Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

A diferença entre concurseiros meninos e adultos

25/07/2014 10:40

Pesquisas realizadas com crianças mostram o seguinte resultado: elas não conseguem esperar. O teste em comento foi o seguinte: deram às crianças a opção entre ganhar uma barra de chocolate, imediatamente, ou aguardar trinta minutos e ganhar duas barras de chocolate. As crianças mais novas optaram por uma barra, na hora, e à medida que a idade dos entrevistados crescia, concomitantemente, aumentava o número daqueles que eram capazes de esperar um pouco para ganhar o dobro.

É óbvio que você, concursando experiente, já sabe onde desejo chegar.

Concursandos "meninos", ainda em amadurecimento, não suportam aguardar o tempo suficiente (adultos vão precisar de mais que meia hora...) para ganhar todo o chocolate possível; eles preferem menos chocolate desde que seja de imediato. À medida que "envelhecem", passando meses ou anos no sistema "concurso público", os concursandos vão aprendendo a abrir mão de algum chocolate "imediato" em prol de mais chocolate depois. Concursandos "adultos" sabem administrar o tempo, o lazer e a urgente e descomunal necessidade de muito estudo, revisão e treinamento.

Não quero dividir as pessoas em "meninos" e "adultos", apenas registrar que – como em qualquer projeto – há um processo de amadurecimento que, muito mais que mudar o grau de conhecimentos auferidos, muda atitudes e comportamentos.

O chocolate "da hora" é o passeio, o cinema, a cama, a festa, o fim de semana e tudo o mais que, inequivocadamente prazeroso, adia o estudo, a revisão, a realização de questões de concurso etc.

A questão da capacidade de ser o senhor de seu comportamento, seu próprio líder, de ter autodomínio e senso de oportunidade é, no final das contas, uma questão de maturidade. A mesma maturidade que nos induz a fazer escolhas, escolhas mais sérias que as relativas aos concursos públicos como a qualidade de nossos relacionamentos, de nossa alimentação, de nossa forma de enfrentar a depressão e as crises.

O ponto que estou defendendo é o seguinte: precisamos amadurecer para a vida. Se o fizermos, a maratona dos concursos se torna mais simples, pois as regras e princípios gerais, os valores envolvidos nos sacrifícios, que o concurso pede, são os mesmos que influenciam as demais áreas da vida. Como digo, nos concursos, "a dor é temporária, o cargo é para sempre". Isso é até mais fácil do que outras "dores", como, por exemplo, para mim, todos os dias acordar e alongar, correr, segurar minha compulsão por chocolate (olha ele aqui de novo!); todos os dias separar algum tempo para me acalmar, relaxar (enfrentando meu vício por trabalho). Nos concursos, os sacrifícios terminam um dia. É bem melhor.

A proposta para reflexão de hoje é a necessidade de desenvolver a difícil capacidade de abrir mão do prazer imediato pelo prazer maior no futuro ou, em outras palavras, trocar prazeres menores por prazeres maiores no futuro. É uma troca, um negócio, um investimento, um plano, um desafio, uma ideia.
O tempo fora do estudo não é um tempo perdido, mas, sim um período em que, se bem-dosado, aumentará seu desempenho além de, naturalmente, impedir que você aguente a pressão.

E qual é o ponto de equilíbrio?

Bem, por favor, quem tiver a fórmula, me envie. Eu não a tenho. Assim como criar filhos ou manter o amor entre um casal, estabelecer essas fronteiras é um processo pessoal, progressivo, subjetivo, difícil e imune a fórmulas prontas. Não existe sabedoria pré-fabricada. Existe sabedoria construída pela experiência. Portanto, experimente essa nova forma de se preparar, aguardando pelos resultados e pelo benefício maior, que virá.

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