Polícia Civil investiga cursinho preparatório que fechou as portas em Brasília
02/12/2014 20:24
Lorena Pacheco / Sílvia Mendonça/
De acordo com a concursanda Lídia Rosa, não existe comunicação com o setor financeiro, seja para conseguir maiores esclarecimentos ou para cancelar os contratos, pois não há funcionários e a energia do prédio foi desligada. “Muita gente, como eu, ainda está pagando as parcelas”, reclamou Rosa, que cogita entrar na Justiça para reaver o prejuízo - o valor dos cursos, em média, variam de R$ 6 mil a R$ 8 mil.
O fechamento do cursinho interrompeu o plano de estudos de Bruna Karla Gasparoni, que deixou a profissão de advogada em Aracaju apenas para estudar para concursos em Brasília. “Quando o professor voltou do intervalo e disse que não teríamos mais aulas, toda a turma ficou revoltada sem saber o que fazer. A maioria quer receber o dinheiro de volta, mas eles não atendem o telefone, nem respondem nossos e-mails. Paguei R$ 6.850, à vista, para estudar por um ano, mas até agora só tivemos dois meses de aula praticamente”, reclama.
O engenheiro civil Clécio Nerby, que paga R$ 1.330 por mês para freqüentar um curso de matérias básicas de concursos, também se sentiu prejudicado. “Está no contrato. Se houver rescisão, eles terão que pagar 20% de multa sobre o valor do curso”. Segundo Nerby, uma reunião entre os alunos e o presidente da Vestcon, Ernani Pimentel, está prevista para o próximo dia 10 de dezembro. Mas, até às 19h desta terça-feira (2/12), nem a assessoria do Vestcon, nem Pimentel retornou as ligações.
Crise
Embora o cursinho não tenha ainda se pronunciado oficialmente sobre o assunto, não deve ser o primeiro preparatório que vai encerrar as atividades. Em novembro, o Correio noticiou que outro cursinho preparatório de peso no Distrito Federal, o GranCursos, fechará a sua sede no Setor de Indústrias Gráficas (SIG) e concentrará as atividades em um espaço menos na Asa Sul, após 26 anos de funcionamento. Wilson Granjeiro, dono do negócio, atribuiu a menor disposição dos alunos em bancar cursos de até R$ 6 mil ao aumento da concorrência das aulas on-line gratuitas e aos chamados aulões — eventos com foco em matérias específicas para os concursos.
Na mesma reportagem, o dono da Vestcon, Ernani Pimentel culpou a crise econômica no país e admitiu que os salários de seus empregados estavam atrasados. “A sensação que temos é a de que o dinheiro parou de circular em todos os segmentos empresariais. Estamos convivendo com o seguinte dilema: baixar preço ou manter os valores e reduzir a quantidade de alunos” declarou.