Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

60 vagas: conheça mais sobre a carreira de oficial de chancelaria

Ministério das Relações Exteriores está com as inscrições abertas para o concurso

19/11/2015 15:13 | Atualização: 19/11/2015 16:49

Lorena Pacheco

Minervino Junior/CB/D.A Press
Palácio do Itamaraty, em Brasília
O oficial de chancelaria, cargo que exige formação superior em qualquer curso de graduação, integra uma das carreiras do Serviço Exterior Brasileiro, junto aos assistentes de chancelaria e diplomatas. Segundo a Lei 11.440/2006, o oficial formula, implementa e executa atos de análise técnica e gestão administrativa necessários ao desenvolvimento da política externa brasileira.

Para concorrer a uma das 60 vagas abertas para o cargo, no novo concurso do Ministério das Relações Exteriores, os concurseiros devem saber que um dos diferenciais da carreira é a possibilidade de o funcionário poder trabalhar tanto no Brasil (em Brasília ou nos escritórios de representação nos estados) quanto nos postos do Itamaraty em países estrangeiros.

Para tanto, após cumprir o prazo mínimo de dois anos de lotação na capital federal, o servidor poderá se inscrever no plano semestral de remoções para servir no exterior. Segundo o órgão, o funcionário pode indicar um ou mais postos em que deseja servir, desde que haja vagas disponíveis. Os pedidos são então analisados por uma comissão de remoção, tendo como base o interesse da Administração, o grau de representatividade da missão, as condições específicas de vida no local, o perfil e as qualificações funcionais do servidor, entre elas o conhecimento de língua estrangeira.

Se o pedido for aprovado, durante o período em que estiver no exterior, o servidor recebe sua remuneração em dólar americano, podendo variar conforme a classificação do posto. E, a exemplo do que fazem outros países e organizações internacionais, têm por base estudos sobre custos de vida e variam de acordo com cada país. Entre outras considerações, a definição de valores baseia-se na remuneração de organismos como a Organização das Nações Unidas (ONU) e em estudos fornecidos pela Mercer Consulting, empresa norte-americana especializada em cálculos de custo de vida para governos de vários países e agências internacionais. O servidor removido para o exterior recebe, ainda, auxílio moradia.

Quando está no exterior, o servidor sempre pode solicitar retornar à Secretaria de Estado, em Brasília, mas sua movimentação entre postos é regida pelos mesmos critérios.

Google Maps/Reprodução/MRE
Postos do Brasil no exterior
Experiência

Valéria Ricci é oficial de chancelaria desde 2005, quando foi convocada em segunda chamada pelo Itamaraty. Para a servidora, além da possibilidade de trabalhar fora do país, outro diferencial da carreira é a chance de trabalho em diferentes setores de atuação. Ricci já viajou para fora em duas missões: para Londres em 2007, onde a convite passou mais de um mês no setor notarial, local de emissão de certidões de nascimento e casamento, por exemplo; e para Nova York em 2008, numa experiência de remoção de cinco anos no setor financeiro. De volta ao Brasil, já há dois anos, Valéria agora trabalha na assessoria de imprensa no ministério.

“Indiquei Nova York em primeiro lugar em função da língua (estudei inglês a minha vida inteira), mas também pela facilidade de me ambientalizar, já que estamos mais acostumados com a cultura americana. Como foi minha primeira remoção, sozinha, sem conhecer ninguém naquele país, à época eu considerei que a cultua americana era mais familiar. Outro fator foi a maior proximidade com o Brasil, dentre os países de língua inglesa, devido à facilidade de vôos”.

A oficial conta que sempre teve a vontade de viver em outro país, então aliou o interesse à oportunidade do cargo. “Nunca tinha estado nos EUA, tudo era novo. Foi uma experiência pessoal e profissional inigualável e inesquecível. Tive a sorte de ser bem acolhida pelos colegas de trabalho quando cheguei, com o tempo fui me adaptando à cidade e fiz muitos amigos com os quais tenho contato até hoje, entre americanos, russo, chinês e indiano”, relembra.

Carreira

Segundo o Sinditamaraty, os oficiais de chancelaria hoje lutam por maior valorização da carreira. De acordo com a presidente do sindicato, Sandra Nepomuceno, o número de vagas aberto no atual concurso é insuficiente para o volume de atividades que precisam ser desempenhadas. Outros fatores, como a aposentadoria de cerca de 200 funcionários desde o último concurso em 2009 e a evasão média de 30% dos servidores nos últimos cinco anos devido à falta de reajuste salarial, agravam a situação. “Estamos pleiteando junto ao Ministério do Planejamento, desde março, o reenquadramento da tabela salarial em relação às carreiras típicas de Estado da Esplanada. Se isso for corrigido, é um maior estímulo para que os oficiais continuem em seus postos”.

Reprodução/MRE
Embaixada do Brasil em Londres
Sandra ainda defendeu a regulamentação da Lei n° 12.601, sancionada pela presidente Dilma em março de 2012, que determina a criação de 893 cargos para oficiais de chancelaria com provimento gradual. Saiba mais aqui.

A presidente ainda destacou a importância do trabalho dos oficiais de chancelaria no exterior e cita episódios marcantes que contaram com o profissionalismo da categoria, como nos recentes atentados à Paris, assim como no terremoto do Nepal, a execução de brasileiros na Indonésia, entre outras ocasiões. “Nós localizamos os brasileiros, visitamos hospitais, prisões, mediamos o contato com a família no Brasil, emitimos relatórios e documentos sobre temas como adoção, organizamos eventos, fazemos promoção comercial, há casos em que ajudamos financeiramente brasileiros em situações de emergência, etc. Ou seja, quem está no cargo, mesmo com a defasagem, é por amor à profissão”.

Edital

Quem se interessou pela carreira e tem nível superior de formação pode se inscrever no concurso que oferece 60 vagas, com salário de R$ 7,2 mil. De acordo com o edital, do total de oportunidades, 45 são para ampla concorrência, doze para candidatos negros e três para deficientes.

As provas serão aplicadas em 31 de janeiro de 2016, em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Porto Alegre e Belém. Nos estados sem horário de verão é preciso atenção, já que os exames objetivos serão aplicados das 8h às 12h, e os discursivos das 14h às 18h, segundo o horário da capital federal.

A maioria das questões de múltipla escolha será sobre português e inglês, sendo destinados 20 itens para cada disciplina. As outras 40 perguntas serão divididas entre noções de direito, noções de contabilidade e raciocínio lógico. As redações de português e inglês, cada uma composta por três questões, valem 120 pontos juntas e serão corrigidas apenas as 300 melhores.

Os 180 primeiros aprovados vão para segunda etapa do concurso, o curso de preparação, que será realizado em Brasília, com duração de 40 horas. Confira mais informações no edital completo.

As inscrições podem ser feitas até as 23h59 de 16 de dezembro, no site da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A taxa custa R$ 120.

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