Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Para driblar concorrentes, vale identificar o perfil da banca organizadora do concurso

O caminho para o sucesso num concurso público pode ser encurtado se o candidato conhecer o estilo da instituição que aplicará as provas

14/11/2016 07:16

Talita de Souza *

Gabriela Studart/Esp.CB/D.A Press
Após fazer sete concursos, Raimison tem o hábito de estudar a banca organizadora

O caminho para o sucesso num concurso público pode ser encurtado se o candidato conhecer o estilo da instituição que aplicará as provas. As diferenças vão desde o tipo de questão — que podem ser interpretativas ou diretas ao assunto — até a correção. “A maioria das provas da FGV Projetos são de múltipla escolha, cansativas, de nível difícil. Quem tem perfil para questões de certo e errado pode se dar melhor com o Cebraspe (Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos, antiga Cespe)”, diz Elias Santana, professor de português do Gran Cursos Online.

Entre as principais bancas do país estão Cebraspe, Fundação Cesgranrio, FGV Projetos, Iades (Instituto Americano de Desenvolvimento), FCC (Fundação Carlos Chagas) e Esaf (Escola de Administração Fazendária). “Dentre essas, o Cebraspe é o único que opta pelas questões de certo e errado. O nível de dificuldade é alto — e a única que se compara é a Esaf, que costuma cobrar muito conhecimento teórico e questões complexas”, comenta Elias.

O diretor do Cebraspe, Paulo Portela, afirma que a banca é reconhecida não por ser difícil, mas por ser comprometida com um resultado íntegro. “Nós nos orgulhamos de ser uma instituição que preza pela qualidade das provas e pela logística, sempre associada à credibilidade. A segurança é o ingrediente principal para garantir a isonomia da seleção”, afirma. Segundo o diretor, o fato de a instituição cobrar questões de certo e errado, em que um erro anula um acerto, possibilita uma melhor avaliação. “As questões de múltipla escolha permitem que o concorrente use outros subterfúgios, exclua opções, e, se a questão for malfeita, permite que acerte mesmo sem saber”, compara.


Cesgranrio e Ides se parecem quanto à forma de avaliar o conhecimento.“As duas cobram muita teoria e pouca interpretação”, avalia Léo Matos, professor de informática e dono do cursinho preparatório Espaço Campus. A FGV Projetos e a FCC têm se destacado pela cobrança de conteúdos pouco explorados por outras instituições em português. Segundo Mário Machado, coordenador do Programa de Coach do Estratégia Concursos e auditor-fiscal da Receita Federal, a primeira aplica as questões mais difíceis na disciplina — aprofundando o conhecimento das normas gramaticais e semântica — e itens inteligentes nas provas de direito. “O candidato é levado a resolver um problema à luz das leis e normas, indo além de textos e jurisprudências”, aponta.

Nos últimos anos, o coach percebe que a FCC mudou de padrão. “Ela era conhecida como Fundação Copia e Cola, em que copiavam o texto das leis e colocavam, sem mudanças, para o candidato avaliar. Contudo, os últimos concursos mostram outro perfil, com altíssimo nível na área fiscal, assemelhando-se à FGV Projetos. Na parte de direito, oferece situações-problemas para o candidato interpretar. Se o concurseiro não se atentar para a nova fase da banca, estará despreparado na hora do exame.”

De acordo com o professor Elias Santana, a banca pode, sim, determinar o desempenho do candidato. “Há pessoas com perfil para certo e errado; outras que têm boa memória e se saem melhor em provas feitas por Esaf e FGV; e, ainda, candidatos que não conseguem lidar com a interdisciplinaridade do Cebraspe”, afirma. Diferentemente de Elias, Mário Machado afirma que o conhecimento da banca é adicional. “Primeiro, é preciso ter uma base boa nos estudos — isso deixará o candidato preparado indenpendentemente da banca. Depois, a pessoa deve se preocupar com o perfil da organizadora e solucionar o máximo de questões da banca”, comenta.

Contactados, Cesgranrio, Iades, FGV Projetos e FCC não responderam até o fechamento desta edição. A Esaf não quis dar entrevista.

Experiência

Depois de fazer sete concursos — Conselho Regional de Administração de Goiás, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp), Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Judiciário (Funpresp-Jud), Fundação Universidade de Brasília (FUB) e Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) —, Raimison Jorge, 25 anos, percebeu diferenças entre bancas. “Gosto da Cesgranrio porque os textos são simples e não precisa interpretar. Tive uma experiência com o Quadrix não muito boa. Ele é complicado, e o edital é muito amplo. A Esaf exige linguagem técnica, traz textos maiores, é extremamente difícil”, compara o administrador, que estuda integralmente para concursos há um ano. O melhor modelo, na opinião dele, é o do Cebraspe. “No início, a banca me deixava com dúvidas. Com o tempo, peguei o ritmo. A forma de avaliação faz com que seja quase impossível uma pessoa não preparada conseguir a vaga”, percebe.

* Estagiária sob supervisão de Ana Paula Lisboa

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