Toda a preparação é pouca quando o assunto é o novo concurso público do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Afinal, nenhum concurseiro dispensaria a chance de trabalhar no órgão máximo da Justiça trabalhista brasileira. Atrativos não faltam. Apesar do número de vagas ainda não ser conhecido, sabe-se que será uma seleção para técnicos e analistas judiciários, com salários que vão de R$ 6.617 a R$ 10.119, com gratificações. Mas, para vencer a concorrência, são necessárias dicas de quem realmente sabe o que está falando. Com a palavra, os aprovados.
O último certame, realizado em 2012, registrou 76.811 candidatos inscritos para 37 vagas. Ou seja, 2.075 pessoas por posto de trabalho. Vinicius de Aguiar Morete passou em terceiro lugar para o cargo de técnico judiciário, da área administrativa do tribunal. Ele veio de São Paulo só para prestar o concurso e, após ser aprovado, acabou ficando. Formado em administração, antes de decidir trabalhar no serviço público, o servidor costumava ajudar o pai no supermercado da família, entregando mercadorias e auxiliando no atendimento.
Incentivos
Depois, após incentivo familiar, ele engrenou no mundo dos concursos e, antes do TST, era servidor da prefeitura de São José do Rio Preto (SP). “Para o concurso do TST, estudei só pelo tempo de lançamento do edital, uns três ou quatro meses, mas já tinha uma bagagem por ter sido aprovado em outros processos seletivos. Quando passei, acabei vindo morar em Brasília sozinho, depois, acabei me casando e trouxe minha esposa pra morar aqui comigo”, conta.
Ele relembra que, para ser aprovado, sua rotina era estudar cerca de quatro horas após chegar do trabalho e dedicar mais uma hora só para a resolução de exercícios. “Eu andava com material no bolso, anotações, e, sempre que tinha um tempinho, parava e estudava as matérias básicas. Até o lançamento do edital, quando passei a focar mais nas disciplinas específicas do cargo”, afirma.
Guilherme de Castro, por sua vez, é jornalista e trabalhava na iniciativa privada quando resolveu prestar o concurso do TST para o cargo de técnico, na área administrativa. Ele passou na 177º posição, após dois anos de preparação. Ficou no cadastro de reserva, e é prova viva de que o órgão vai bem além das vagas imediatas oferecidas no edital. Nesse meio tempo, com a demora da nomeação, o jornalista fez todos os concursos de tribunais regionais que estavam abertos na época, para Pernambuco, Rio de Janeiro e Paraná. “Acompanhava diariamente o Diário Oficial da União para ver se alguém tinha se aposentado, se havia nomeação. Sempre ficava de olho também nos cargos da área administrativa que estavam vazios”,diz.
A escolha pelo TST foi feita para ficar próximo da família. “Minha mãe e meu irmão são servidores, eles sempre me incentivaram muito. A primeira dica de curso que recebi foi do meu irmão. Me disse para estudar direito constitucional”, conta.
Dicas de sucesso
A recomendação do servidor Bruno Medeiros é manter uma rotina diária de estudos das matérias básicas, como direito constitucional, administrativo e português, e fazer exercícios específicos da banca para fixar o conteúdo logo após as leituras. “Não adianta saber todo o conteúdo se você não conhece o estilo da prova, principalmente para os concursandos de Brasília, que estão mais acostumados com o Cebraspe. A Fundação Carlos Chagas tem um estilo de prova muito diferente, é preciso reaprender a fazer as questões”, aconselha.
Estudos em casa
Frequentar cursinhos nem sempre é a melhor opção para os concurseiros “Percebi que rendia mais estudando sozinho, cerca de sete horas diárias. Eu lia muito e fazia muitos exercícios. Usei as duas últimas semanas para revisar todo o conteúdo. Eu tinha um caderno no qual compilava resumos, detalhes importantes, prazos e erros que cometi fazendo questões da banca, e passei os últimos dias lendo e relendo esse caderno”, diz Bruno Medeiros.
Reforma em debate
No concurso para o Tribunal Superior do Trabalho (TST), dominar as disciplinas de direito do trabalho e direto processual do trabalho é obrigação de todo candidato, independentemente do cargo escolhido. É o que afirma o professor Leandro Alencar, do Gran Cursos Online. Segundo o especialista, direito material, princípios, contrato de trabalho, rescisão do contrato, interrupção e suspensão do trabalho são itens que devem ser cobrados, certamente. Mas o que tem deixado os concurseiros de cabelo em pé é a reforma trabalhista, aprovada recentemente pelo Congresso Nacional.
Conhecer o texto da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), antes e depois da reforma, é essencial, aponta Alencar. Conforme ele, a demora para publicação do edital se deve em razão da mudança do regimento interno do TST e das alterações na legislação. O especialista ressalta que é bem provável que o concurso cobre a nova CLT, até porque o servidor que for entrar no órgão vai ter que lidar com julgamento de casos trabalhistas com as alterações já vigentes. “O que o aluno já precisa saber são itens importantes ,como jornada de trabalho, compensação de horas e contratos. Aprender as diferenças de como era e como ficou também é essencial para não cair nas possíveis pegadinhas da banca, que pode confundir a cabeça dos concorrentes desatentos ao misturar indiretamente as duas versões, em um enunciado não tão explícito”, alerta.
Cuidados
Mas não é tão simples assim. O professor acentua que existem diversos dispositivos da reforma que contrariam totalmente as súmulas do TST, que também são cobradas nas provas. “É complicado. Tudo vai depender do que for estabelecido pelo edital, por isso, ele é tão aguardado. O conteúdo cobrado pela Fundação Carlos Chagas (FCC) varia muito. Assim, se o candidato quer mesmo estar preparado para tudo, deve ter a lei seca na ponta da língua, dominar a jurisprudência e as súmulas do TST e se estender um pouco mais, até as súmulas trabalhistas vinculantes do STF”, explica.
Como a disciplina é a essência do órgão, certamente será a mais exigida dos concurseiros. “A prova deve cobrar cerca de 20 questões de direito do trabalho e direito processual do trabalho, cada uma com cinco itens para serem julgados, ou seja, serão 100 sentenças”, ressalta Alencar. Quanto à redação, que será cobrada tanto para cargos de nível superior quanto para médio, o professor aposta em estudo de caso ou questão para analistas e redação discursiva para técnicos. “Um tema que tem bastante chance de ser cobrado é a discussão sobre a predominância do acordo negociado entre patrão e empregado (sindicatos) sobre o que é legislado, o que está dito na lei”, diz.
*Estagiária sob supervisão de Vicente Nunes
Para dar um gostinho
Conheça abaixo imagens do prédio do TST. Você já consegue se ver trabalhando aí todos os dias?*Estagiária sob supervisão de Vicente Nunes