Um novo concurso público do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), com aproximadamente 1,4 mil vagas, está em tramitação com o Ministério do Planejamento. A informação é da assessoria de imprensa do órgão, que afirma que o novo certame faz parte de uma série de medidas para o fortalecimento institucional.
As vagas solicitadas serão para os cargos de agente federal de execução penal, especialista federal em assistência à execução penal e técnico federal de apoio à execução penal. Os salários são de R$ 7214,76, R$ 6999,56 e R$ 4888,18, respectivamente.
Os aprovados poderão ser lotados na sede do departamento em Brasília ou em uma das quatro penitenciárias federais localizadas nas cidades de Campo Grande/MS, Catanduvas/PR, Mossoró/RN e Porto Velho/RO e também na capital federal, em uma nova unidade que deve ser inaugurada em março.
Segundo o Depen, ainda não há previsão para a divulgação do edital. O Ministério do Planejamento informou também que os pedidos de vagas em análise dependem de autorização, em caráter excepcional, somente por medida de absoluta necessidade da administração e desde que asseguradas as condições orçamentárias.
Distrito Federal
As obras para a unidade de Penitenciária Federal de Brasília, prevista para inaugurar em março deste ano, estão em processo final. Segundo o Depen, os agentes federais de execução penal e demais profissionais que vão trabalhar no local já concluíram o curso de formação profissional e aguardam a autorização de nomeação. A penitenciária, assim como as demais, tem capacidade para 208 presos.
A nova unidade faz parte de um sistema de segurança implementado em todo país devido a várias crises vivenciadas pelos sistemas penitenciários estaduais, em especial em 2006. Além de Brasília, há outras localizadas nas cidades de Campo Grande/MS, Catanduvas/PR, Mossoró/RN e Porto Velho/RO. Todas de segurança máxima.
De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, este sistema possui um regime excepcional e temporário de cumprimento de pena, não ultrapassando a margem de 70% de ocupação das unidades. Isso porque, diante de crises e situações emergenciais, deve sempre haver vagas em condições de serem imediatamente ocupadas por presos, apoiando estados demandantes e tirando o foco de tensão do local.
Alerta
A crise carcerária no Brasil aponta superlotação em presídios e favorece ação de facções criminosas. A conclusão é de auditoria feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em conjunto com Tribunais de Contas estaduais e municipais, no sistema prisional de 17 Estados e do Distrito Federal.
De acordo com o Acórdão 2643/2017-Plenário, ”Há também riscos respeitantes à estrutura administrativa do Depen. A situação do órgão, que já era crítica, ainda tende a apresentar piora com a nova sistemática de repasses caso medidas não sejam tomadas de imediato, como o aumento do quadro de pessoal por meio de realização de concursos públicos e/ou, ante as restrições orçamentárias do Estado, a adoção de ferramentas e processos de trabalho que estimulem o aumento da produtividade dos servidores ou, ainda, a reorganização da força de trabalho do MJSP, considerada a totalidade de sua estrutura.”
Segundo o TCU, a informação faz parte das conclusões do relatório da unidade técnica. Porém, a fiscalização realizada não tem como escopo os presídios federais e sim, os estaduais. Portanto, não há determinação ou recomendação, por parte do órgão, para a realização de concurso público, dado o quadro orçamentário atual.
Ainda assim, o Depen informou que tem conhecimento da auditoria do TCU e tem feito todo o esforço para que sejam cumpridas as determinações legais. Destacou também que uma série de medidas para o fortalecimento institucional foram tramitadas ao Ministério do Planejamento, inclusive a solicitação de nomeação dos 140 candidatos que já passaram por curso de formação e o pedido de um novo certame.
Falta contratação
De acordo com um agente federal de execução penal que não quis ser identificado, o número de efetivos ideal dentro de uma penitenciária deveria ser maior que o número de detentos, ou seja, de 2 a 3 agentes para 1 preso. Entretanto, isso nem sempre acontece, por falta de contratação. "Por questão de segurança, ao menos conseguimos o mínimo de agentes. Mas, os servidores às vezes trabalham dobrado", comenta.
Nomeado em janeiro de 2017 e lotado em Porto Velho/RO, ele afirma ainda que, no geral, as penitenciárias federais estão em quantitativo adequado para o pleno funcionamento das atividades. "Embora a categoria lute por direitos de remunerações garantidas em lei, o salário é interessante no início da carreira, e a carga horária de trabalho, 24h por 72h de folga, auxilia para quem busca outros concursos".
Para ele, com a inauguração de uma nova unidade em Brasília, será imprescindível a realização de novo concurso público para atender toda demanda.
Um outro agente, que também não quis ser identificada, contou ao Correio que, com a inauguração da nova unidade penitenciária em Brasília, agentes serão deslocados de outras unidades para suprir o quantitativo de vagas no DF. " Consequentemente, irá diminuir o número de agentes em alguns locais. Por isso é necessário a nomeação dos profissionais que já passaram pelo curso de formação, além de um novo concurso com urgência", diz.
Um outro agente, que também não quis ser identificada, contou ao Correio que, com a inauguração da nova unidade penitenciária em Brasília, agentes serão deslocados de outras unidades para suprir o quantitativo de vagas no DF. " Consequentemente, irá diminuir o número de agentes em alguns locais. Por isso é necessário a nomeação dos profissionais que já passaram pelo curso de formação, além de um novo concurso com urgência", diz.
Último concurso
O último concurso público do Depen ofereceu 258 oportunidades e foi realizado em 2015. De acordo com a banca organizadora, o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), inscreveram-se 52.595 candidatos, o que registrou uma concorrência geral média de 253 pessoas por chance. O posto com maior procura foi o cargo 9, área 3, para agente penitenciário federal com 31.629 inscrições.
Além de provas objetivas, os candidatos também fizeram exame de aptidão física, avaliação médica e psicológica, investigação social e curso de formação profissional.
Quem tem nível médio de formação, e carteira nacional de habilitação de categoria B, competiu ao cargo de agente penitenciário federal. O salário foi de R$ 5.403,958. Para nível superior o cargo em aberto foi o de especialista em assistência penitenciaria nas áreas de enfermagem, farmácia, pedagogia, psicologia, serviço social e terapia ocupacional. A remuneração inicial foi de R$ 5.254,88.
Houve o cargo de técnico de apoio à assistência penitenciária, para nível médio e curso técnico em enfermagem. A remuneração, neste caso, foi de R$ 3.679,20. Cinco por cento das chances foram reservadas a pessoas com deficiência e 20% para negros.
Segundo o Depen, no ano de 2017, foram nomeados 386 candidatos aprovados em concurso. Além disso, 140 já realizaram o 2º curso de formação profissional em Florianópolis e ainda aguardam autorizaçao para nomeação.