Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Federação Nacional reivindica abertura de novo concurso público para os Correios

Categoria afirma que há urgência por novo concurso e deficit de cerca de 40 mil funcionários em todo o país. Os Correios afirmam que não há deficit de efetivos e empresa está adequando os processos com introdução de tecnologia e automação

23/03/2018 07:15 | Atualização: 23/03/2018 07:16

Mariana Fernandes

Reprodução/Internet
A Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) afirma que há necessidade de abertura de um novo concurso público para a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) com urgência. Último concurso para cargos operacionais foi em 2011.

Segundo o secretário geral da Federação, José Rivaldo da Silva, trata-se de uma situação alarmante e há um deficit de cerca de 40 mil funcionários em todo o país. "Em 2011 os Correios já tinham necessidade de contratar 18 mil funcionários. E nos últimos anos saíram cerca de 22 mil outros trabalhadores. Ou seja, o déficit é extremamente alto. E além disso, a proposta do governo é de enxugar ainda mais o quadro. Dessa forma, há muita necessidade de chamar atenção para esse assunto", diz.

A preocupação também é compartilhada pelo diretor do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Distrito Federal ( Sintect/DF), Luiz Roberto Neto. "Hoje temos problemas nas entregas porque  falta funcionário e a solução seria a realização de concurso pra recompor o quadro de funcionários da empresa", diz. 

O último concurso realizado pela empresa para a contratação de cargos de áreas operacionais, como carteiros, atendentes e operadores de triagem, foi em 2011. E, desde janeiro de 2017, os Correios adotaram o chamado plano de demissão incentivada (PDI) para evitar danos financeiros. 

Para o diretor financeiro do Sintect/DF, Jovan Sardinha, a saída de muitos trabalhadores, por meio de PDIs, gerou deficit na área administrativa e operacional, de forma preocupante. "O quadro atual necessita muito de novas contratações, é imprescindível a presença de concursados com preparação necessária e treinamento adequado para atender à população", disse. 

Com efetivo baixo, ele conta que os trabalhadores sofrem muita pressão e muitos fazem horas extras para suprir a falta de funcionários. "Alguns perdem parte da vida, questões familiares e sociais, pois precisam trabalhar mais horas. A carga excessiva para o trabalhador pode atrapalhar a saúde e o emocional".

Já de acordo com os Correios, não há deficit de efetivo e não há previsão de um novo concurso público. Segundo assessoria, a empresa está adequando a força de trabalho considerando a queda dos serviços de mensagens e o crescimento das encomendas. Ao mesmo tempo, está adequando os processos com a introdução de novas tecnologias e a automação dos fluxos operacionais.

A empresa afirmou também que, nos últimos anos, aproximadamente 19 mil empregados aderiram, de forma voluntária, os programas de demissão incentivada oferecidos. Desse total, cerca de 1.460 são do Distrito Federal. Atualmente, a empresa conta com mais de 106 mil empregados.

Em julho de 2015, a empresa chegou a anunciar a intenção de abrir um certame com cerca de 2 mil vagas. As chances seriam para carteiro e operador de triagem e transbordo, com salários de R$ 1.620,50 e R$ 1.284, respectivamente. Entretanto, após a suspensão de concursos federais, anunciados pelo governo, informaram que a seleção foi suspensa pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Na ocasião, a estatal disse que o fato não afetaria a qualidade e eficiência operacional e que desde 2011, o efetivo da empresa foi aumentado em 13 mil novas vagas.

Segundo a Fentect , a postura da gestão da estatal demonstra a "incompetência", buscando a sustentabilidade com base apenas no lucro. Em nota, a Federação disse também que estão precarizando os Correios, sem investir em mais empregos, promovendo demissões incentivadas e sobrecarregando quem se encontra na ativa. Essas medidas de sucateamento demonstram a intenção clara de privatizar a empresa, ou seja, vender os Correios".

Greve recente 

Tomaz Silva/Agência Brasil
Os funcionários dos Correios entraram em greve no último dia 12, em todo o Brasil. A paralisação de empregados foi encerrada em 15 de março, quando o sindicato do Rio de Janeiro, último a retornar às atividades, decidiu pelo encerramento da greve. 

O principal motivo da greve foi evitar mudanças no plano de saúde dos funcionários, que envolvem a cobrança de mensalidades do titular e de dependentes. "Foi decretada uma paralisação por diversas razões", disse Luiz Roberto Neto. "A greve tinha haver, por exemplo, com falta de funcionários, cancelamento das férias, fim do diferencial de mercado, pagamento de mensalidade além do compartilhamento do plano de saúde, e outros problemas".

Durante o período, os Correios ressaltaram que haviam colocado em prática um "Plano de Continuidade de Negócios", de forma preventiva, para minimizar possíveis impactos à população. 

Últimos concursos

Em 2017,  foi aberto um concurso público para 88 vagas imediatas e formação de cadastro reserva, para candidatos com nível médio e superior, nos cargos de enfermeiro do trabalho jr, engenheiro de segurança do trabalho jr, médico do trabalho jr, auxiliar de enfermagem do trabalho jr e técnico em segurança do trabalho jr. O Instituto Americano de Desenvolvimento (Iades) foi a banca organizadora da seleção.

Os salários variaram de R$ 1.876,43 a R$ 4.903,05. Houve chances para todo o país, exceto Mato Grosso. Na capital federal foram seis imediatas, além de formação de banco reserva de aprovados.  O concurso contou apenas com uma fase: provas objetivas.A estatal afirmou que a reposição do quadro de pessoal era para cumprir exigências de norma regulamentadora do Ministério do Trabalho. 

Já em 2011, o concurso ofereceu 9.190 oportunidades. Foram duas seleções: a primeira ofereceu 8.346 oportunidades para cargos de nível médio e a segunda ofereceu 844 vagas de níveis médio e superior - ambas com cadastro reserva. O Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da Universidade de Brasília (Cespe/UnB) foi o responsável pela organização dos certames. 


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