Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Com apenas 17 anos, estudante é aprovado em segundo lugar no concurso do TRE

O jovem, que só completará 18 anos em setembro, assumirá o cargo de técnico judiciário, com salário de R$ 5.425,79

21/07/2015 19:26 | Atualização: 24/07/2015 12:35

Sílvia Mendonça

Arquivo pessoal
Ianh Coutinho tem 17 anos, está matriculado no terceiro semestre do curso de direito e foi aprovado em segundo lugar no concurso do Tribunal Regional Eleitoral de Roraima (TER/RR). O jovem, que só completará 18 anos em setembro, assumirá o cargo de técnico judiciário, com salário de R$ 5.425,79. O concurso ainda não foi homologado, mas Ianh teme que o órgão possa barrar a posse no cargo público caso ele não tenha a idade solicitada no edital. Apesar de ser emancipado, o garoto está pronto para uma briga judicial, se necessária. “Quando entrei na universidade, tinha 16 anos e também precisei recorrer à Justiça para conseguir a autorização”, lembra, em entrevista ao Correio.

Foram quatro meses de dedicação exclusiva ao edital. Período em que abriu mão de festas para estudar, aproximadamente, 8 horas por dia. Ainda assim, Ianh faz questão de ressaltar: “Não tinha expectativa nenhuma de aprovação. Tanto é que só fiz o concurso para ganhar experiência. Não sofri com pressão interna ou por parte da minha família. Acho que isso foi essencial para manter a calma na prova”, relata.

Ianh parece assimilar com tranquilidade a conquista e, mesmo sabendo que passará a receber mais de R$ 5 mil mensais, atualmente, faz dois estágios e sabe que terá de encarar mais três anos de universidade. Assim como um professor recomendou, ele acredita que para alcançar uma meta é preciso motivação. “Penso que abdiquei de um momento da minha adolescência para garantir um futuro melhor e confortável. As pessoas têm que pensar no que vão ganhar e não no que estão perdendo”, aconselha.

O jovem não pretende se acomodar no primeiro cargo público que conseguiu. O foco agora é se estabelecer no novo emprego, mas descobrir na própria experiência qual carreira jurídica mais o agrada. “Penso em promotoria ou defensoria. Mas não quero magistratura. Não tenho ambição de trabalhar tanto quanto os juízes, mesmo ganhando muito bem. É muita responsabilidade”, argumenta.

Para quem busca aprovação, a dica de Ianh é certeira: “Dê muita atenção ao português. Muitas pessoas acham que é uma disciplina básica, mas é a mais importante e essencial para se sair bem em prova de concurso”.

Caso na Justiça
Em maio deste ano, o Correio noticiou um caso parecido com o de Ianh. Faltando apenas quatro meses para completar 18 anos, um candidato foi dispensado do cargo de técnico legislativo do Senado Federal por ser considerado “menor de idade”. Ele precisou recorrer à Justiça para garantir seu direito à posse. Em sua defesa junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), o jovem alegou que possuía declaração de emancipação, que segundo a legislação vigente, torna o indivíduo plenamente capaz para praticar todos os atos da vida civil, inclusive o de exercer cargo público.

Na época, o candidato também sustentou que o lapso de quatro meses não alteraria em nada suas faculdades mentais. Desta forma, um mandado de segurança foi impetrado contra o diretor da Subsecretaria de Pessoal Ativo do Senado Federal com o objetivo de reverter a situação. O TRF-1, por fim, aceitou as alegações do jovem, que foi reinvestido no cargo. O relator, desembargador federal Néviton Guedes, entendeu que o candidato preenchia todos os requisitos legais para exercer as atividades do posto e, devido à emancipação, não houve qualquer ofensa às regras da seleção.

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