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Dominar temas comuns nas provas de concurso é diferencial, dizem especialistas

Com tantas incertezas em 2017, os candidatos precisam estar preparados para o que aparecer. O ideal, dizem especialistas, é focar o estudo em disciplinas recorrentes, como português, direito e raciocínio lógico, antes de o edital da carreira desejada ser publicado

04/01/2017 06:00 | Atualização: 03/01/2017 23:55

Beatriz Fidelis - Especial para o Correio

Jhonatan Vieira/Esp. CB/D.A Press
As amigas Ana Luiza e Ana Carolina estudam juntas, mas cada uma tem sua receita individual


Muitas incertezas cercam as oportunidades na carreira pública em 2017, sobretudo após a aprovação da PEC do teto dos gastos. No entanto, alguns concursos com bons salários e grande número de vagas estão garantidos este ano e especialistas apostam em novos editais. Na dúvida, os candidatos precisam estar preparados para o que aparecer e a melhor forma é focar os estudos nos temas comuns à maioria dos processos seletivos.

Disciplina obrigatória para os concurseiros, a língua portuguesa é cobrada em todos os processos seletivos no Brasil. Em maior ou menor grau de dificuldade, a prova avalia a desenvoltura do candidato tanto nos itens de gramática e interpretação, quanto nas questões discursivas. O professor de língua portuguesa Fernando Pestana explica: “Questões de interpretação em prova de concurso público levam em conta alguns pontos, como a extrapolação (o candidato não pode fazer uma leitura que vá além do conteúdo textual), a redução (aquém do que está no texto) e a contradição”.

Para aprender português para concursos, existem várias técnicas. “O ideal é assistir a aulas com um profissional competente, ter uma gramática que seja referência no mercado para constantes consultas, fazer milhares de questões (de preferência, comentadas), revisar tudo que foi estudado na semana e repetir o processo sempre que necessário”, explica Pestana.





Para interpretação de texto, o professor dá um passo a passo: ler, compreender e saber aplicar. “Identificar o tipo e o gênero textual, parafrasear passagens do texto que não ficaram tão claras, resumir cada parágrafo para pegar a ideia principal, destacar as ideias mais relevantes do texto são algumas dicas”, enumera.

Outra matéria comum em vários concursos é o direito administrativo. Além dos conceitos clássicos, como serviço público, desapropriação e licitação, noções teóricas como desconcentração e descentralização administrativa e características das autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista e fundações estatais de direito público e de direito privado também são cobradas.

O professor de direito administrativo Ivan Lucas defende que a melhor forma de estudar é mesclar teoria e prática. “O ideal é estudar um bom livro e fazer muitos exercícios. Importante, ainda, estar atento às decisões judiciais e às alterações legislativas”, recomenda.

Nos certames que estão por vir, o raciocínio lógico será cobrado dos candidatos. “Algumas bancas, como é o caso do Idecan, responsável pelo edital do Ministério da Saúde, avaliam habilidades necessárias para resolver situações do cotidiano por meio da lógica”, explica Josimar Padilha, professor dessa área no cursinho preparatório Gran Cursos Online.

Entre os temas mais cobrados estão análise combinatória, probabilidade, lógica de primeira ordem (argumentação lógica) e sequências. A maior dificuldade, segundo o professor, é interpretar de forma correta a pergunta. “A interpretação será consequência de um treinamento intensivo de provas anteriores”,  defende. Para grandes concursos, principalmente da área federal, dominar direito constitucional é essencial. Professor da disciplina, João Violin explica que os temas mais cobrados da área são direitos individuais, direitos sociais, direitos de nacionalidade, direitos políticos e de partidos políticos, além de controle de constitucionalidade e direitos fundamentais.

Tríade

Sobre a melhor forma de estudar, todos os especialistas concordam: a tríade leitura-exercícios-revisão. A fórmula é levada a sério pelas amigas Ana Carolina Laranjeira e Ana Luiza Facchinetti, que se conhecem desde pequenas, frequentaram as mesmas escolas e hoje estudam juntas para concursos. Ana Luiza busca uma vaga de juíza no Distrito Federal e o sonho de Ana Carolina é tornar-se promotora de Justiça.

Focadas nos estudos há mais de um ano, as duas têm a mesma rotina, mas adaptam hábitos específicos. “A gente entra na biblioteca de manhã, faz uma pausa para o almoço, estuda no período da tarde, faz uma outra pausa e retoma à noite”, conta Ana Carolina. As duas fazem um esquema de leitura e revisão. Ana Luiza prefere grifar as partes mais relevantes, reler só o que foi grifado e fazer exercícios. Nas demais revisões, evita reler. Apenas revisa com exercícios da matéria estudada.

Já Ana Carolina faz um esquema de marcações com cores. “Uso três cores de marca texto. Com uma, grifo o mais importante, com outra as exceções e, com uma última cor, marco os dispositivos de lei”, explica. Em todas as revisões, Ana Carolina relê o que foi grifado e exercita depois.

Outra dica é cronometrar o tempo de estudos para ver qual o rendimento real, recomenda Ana Luiza. O conselho final da dupla de amigas é não desistir, nem desanimar: “não existe fórmula mágica. Existe o que eu fiz e deu certo; existe o que a Ana fez e deu certo, mas você tem que se adaptar. A pessoa tem que se conhecer e ver o que mais funciona e é mais produtivo para ela”, explica Ana Carolina.

O que está por vir

Para este ano, há certames previstos para o Ministério da Saúde, o Hemocentro do Distrito Federal e Terracap. Editais podem sair para o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), a Câmara Legislativa do DF (pré-anunciado), a Câmara dos Deputados, Senado Federal, Polícia Federal, Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Agência Nacional de Águas (ANA) e Tribunal Superior Eleitoral. “A gente espera bons concursos. Apesar do cenário de crise econômica, há necessidade natural de manutenção de máquina pública. Além disso, é preciso repor cargos”, explica o coordenador do IMP Concursos, Anderson Ferreira.

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