Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Candidatos interessados em ser diplomata devem intensificar estudos

Ministério das Relações Exteriores oferece 30 vagas com salário inicial de R$ 16,9 mil. As inscrições foram abertas na sexta-feira (23)

26/06/2017 09:59 | Atualização: 26/06/2017 10:04

Julia Simões*

Lanna Silveira/Esp. CB/D.A Press
Amanda quer passar para representar o país no exterior
O concurso para a carreira de diplomata está entre os mais almejados do país e, neste ano, os interessados concorrerão a 30 vagas (das quais, seis são para cotas raciais e duas são reservadas para pessoas com deficiência) com salário inicial de R$ 16,9 mil (um aumento de R$ 1,9 mil em comparação com o oferecido no último edital). O pré-requisito para se candidatar ao Instituto Rio Branco é ter formação superior em qualquer área. No ano passado, o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) registrou 4.925 candidatos no concurso, totalizando uma concorrência de 164 por vaga.


Tradicionalmente, o concurso é dividido em três etapas. A primeira, aplicada em 13 de agosto, será uma prova objetiva com 73 questões do tipo certo ou errado sobre língua portuguesa, língua inglesa, história do Brasil, história mundial, política internacional, geografia, noções de economia, noções de direito e direito internacional público. Serão eliminados da primeira etapa do concurso os candidatos que obtiverem nota final inferior a 29,25 pontos.

A segunda fase é constituída pelas provas escritas de língua portuguesa e de língua inglesa, ambas com duração de cinco horas, a serem aplicadas em 30 de setembro e 1º de outubro. Serão aprovados os que alcançarem nota mínima de 60 pontos em português e de 50 pontos em inglês. A terceira e última fase é constituída de provas escritas de história do Brasil, política internacional, geografia, noções de economia, noções de direito, direito internacional público, língua espanhola e língua francesa. A etapa é dividida entre os dias 6, 7 e 8 de outubro, com testes de manhã e de tarde. Serão considerados aprovados, por fim, os que atingirem nota mínima de 360 pontos totais.

A coordenadora do curso de relações internacionais do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), Renata de Melo, alerta que a prova exige atualização com relação a temas diplomáticos. “É preciso dedicar atenção às atualidades que envolvem o Brasil e o sistema da Organização das Nações Unidas (ONU). Fique de olho nas notícias do mundo”, recomenda. Um tema que pode cair no teste é a retirada das tropas brasileiras do Haiti após concluir a missão de paz no país em outubro do ano passado. “Com o auxílio do Brasil, o Haiti retomou a estabilidade. Foi um trabalho de sucesso, com consolidação da segurança, equidade de gênero e o ponto de vista da ONU.”

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Dicas específicas

Professor de história mundial no Curso JB, Clayton Avelar revela que, na primeira fase, a disciplina costuma ser dividida entre o século 19 (em que os assuntos mais importantes são revolução burguesa, imperialismo e colonialismo) e o século 20 (abordando questões sobre a guerra fria, revoluções russa e chinesa e, eventualmente, itens sobre história da arte). O professor relembra também que, na prova do ano passado, houve muitos itens sobre movimento operário. “Na parte de história mundial, o autor mais citado é o britânico Eric Hobsbawm, que cita as quatro eras das revoluções (civilizações, capital, impérios e extremos). Recomendo também a leitura do norte-americano Edward McNall Burns, que fala sobre a história da civilização ocidental.”

Graduado em relações internacionais e professor de língua inglesa do Curso JB, João Henrique Costa deixa claro que a preparação para dominar o nível de inglês necessário para ter sucesso na prova deve ser de longo prazo. “No ano passado, a segunda fase não contou com prova escrita de inglês. Agora, o concurso voltou a adotar isso, o que cria uma dificuldade extra”, comenta. O professor recomenda também fazer simulados como forma de preparação.

Essa vaga é minha!

Amanda Morais de Souza, 23 anos, graduada em relações internacionais pela Universidade de Brasília (UnB), se dedica exclusivamente ao concurso há três meses. “Este é um sonho que me move desde meus 17 anos. Se for aprovada, será um prazer representar meu país”, revela. “Além de todas as possibilidades do concurso, a financeira me motiva bastante”, diz. Ela passa três horas por dia num cursinho e estuda quatro horas diárias por conta própria. A estudante conta que não sente tanta dificuldade nas matérias. “O maior desafio é estabelecer uma estratégia para organizar a rotina de estudos”, conta.


O que diz o edital

Cargo: classe inicial da carreira de diplomata (terceiro secretário)
Vagas: 30
Inscrições: entre 23 de junho e 10 de julho aqui
Taxa: R$ 225
Nacionalidade: brasileiro nato
Salário: R$ 16.935,40
Prova objetiva: 13 de agosto (primeira fase); 30 de setembro e 1º de outubro (segunda fase); 6, 7 e 8 de outubro (terceira fase)
Locais: Distrito Federal e as 26 capitais dos 26 estados

Passe bem / Inglês

“Pierre Englebert’s attempt to measure all of Africa using the yardstick of a single historical factor is highly problematic. In this regard, Englebert’s book suffers from four tendencies, the first two of which involve a dominant mode in current writing about Africa, and the third and fourth of which reflect the constraints of academic publishing, particularly in the United States of America. Current writing about Africa is characterised, firstly, by a remarkable tendency to generalise about the entire continent, which no author specialising in Asia, for example, would dare contemplate. This usually involves the extrapolation of a single empirical situation to the entire continent. In Englebert’s case, this clearly relates to his experience in the eastern Congo, which is made to serve as an example for all of sub-Saharan Africa.”

The statements below are about the ideas of text III and the vocabulary used in it. Decide whether those statements are right (C) or wrong (E).
1) The author of the review understands the problems of the African continent as a more complex issue.
2) The word “myriad” (l.21) is synonymous with intricate.
3) Englebert’s experience in the eastern Congo is paradigmatic for the elaboration of his thesis.
4) The noun “constraints” (l.6) could be correctly replaced by limitations.

Comentário:

» Nesse sentido conotativo, o termo “yardstick” tem o significado de critério. Portanto, ao entender-se que não se pode compreender a África inteira por apenas um critério, o autor assinala que “os problemas do continente africano são uma questão mais complexa”. Portanto, o item está correto.

» A segunda opção é mais facilmente identificada como uma questão de vocabulário. O enunciado sugere relação de sinonímia entre “myriad” e o termo “intricate”. Se o candidato souber o significado de “miríade” e o de “intrincado”, em português, saberá que não são sinônimos. “Myriad” pode ser entendido como grande quantidade; e “intricate”, como confuso ou complicado. O item, portanto, está errado.

» No terceiro item, há a necessidade de voltar-se ao texto, mas, também, compreender o significado de “paradigmatic”. Percebe-se que, nos últimos dois períodos do texto destacado, o autor da crítica acusa Englebert de estender a experiência no Congo para caracterizar toda a África subsaariana. O item sugere que a experiência de Englebert no Congo seria paradigmática para sua tese. A opção é, evidentemente, certa.

» No último item da questão, indaga-se se os termos “constraints” e “limitations” seriam intercambiáveis. No caso, restrições e limitações são equivalentes no texto. O item está certo.

Questão do Concurso de Admissão à Carreira Diplomática (CACD), aplicado pelo Cebraspe em 2016, comentado pelo professor João Henrique Costa



* Estagiária sob supervisão de Ana Paula Lisboa

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