Uma operação da Polícia Federal desarticulou, nesta segunda-feira (18/9), uma organização criminosa que fraudava concursos públicos com o uso de pontos eletrônicos. A operação, nomeada Afronta II, acontece em Campinas, Sorocaba, São Paulo (SP) e Maceió (AL). De acordo com os investigadores, as fraudes abrangiam concursos de todo o Brasil.
Até o início da manhã, a PF havia cumprido dois mandados de prisão temporária, quatro de condução coercitiva e dez de busca e apreensão no estado de São Paulo. Em Maceió foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão, três de condução coercitiva e um de prisão temporária.
A PF descobriu que havia fraude em 14 certames e que 47 candidatos haviam participado do crime, alguns deles tendo sido habilitados e empossados nos cargos para os quais concorreram. O sistema também encontrou indícios de cópia de respostas entre candidatos em outros 24 certames.
Saiba Mais
Essa é a segunda etapa da Operação Afronta I, que descobriu fraude no concurso público do Tribunal Regional Federal da 3º Região para os cargos de técnico e analista judiciário. Os candidatos serão indiciados pelo crime previsto no art. 311-A, inciso I, do Código Penal (“Fraudes em certames de interesse público”), cuja pena varia de 1 a 4 anos de reclusão e pelo crime previsto no art. 288 do CP (Associação Criminosa), cuja pena varia de 1 a 3 anos de reclusão.
Fraude
Os candidatos pagaram dez vezes o valor do salário do cargo pretendido à organização criminosa pelas respostas da prova. Para apoiar os trabalhos investigativos a PF usou o S.P.A.D.E., sigla para Sistema de Prospecção e Análise de Desvios em Exames, software desenvolvido pelo setor de inteligência da própria polícia para subsidiar apurações de fraudes em concursos públicos e exames.
O sistema é alimentado com os gabaritos dos candidatos que fizeram a prova e varre as respostas em busca de coincidências, apontando os candidatos que apresentaram maior número de coincidências nas respostas e indicando se aquelas coincidências eram ou não esperadas. Esses relatórios do sistema são encaminhados concomitantemente à perícia, para validação e análise estatística, e a policiais, para que proceda à investigação criminal.