Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Ministério Público recomenda o cancelamento do concurso da Novacap

Concurso recebeu ao menos 50 denúncias de fraude. PCDF e MPDFT investigam

18/12/2018 10:16 | Atualização: 18/12/2018 10:24

Isa Stacciarini

Breno Fortes/CB/D.A Press
Adiado quatro vezes, o concurso da Novacap entrou na mira da Polícia Civil depois que a corporação e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) receberam ao menos 50 denúncias de fraude. A suspeita é de que a banca examinadora contratada por pregão eletrônico em 2017, a Inaz do Pará, tenha sido beneficiada para realização do concurso. Investigadores não descartam a participação de servidores da estatal que poderiam ser beneficiados na seleção.


O responsável pela 5ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep), do MPDFT, promotor Fabio Nascimento, recomendou o cancelamento do concurso. “O posicionamento do Ministério Público, enquanto fiscal da lei, é pela rescisão do contrato na medida em que as entrevistas realizadas com representantes da Inaz do Pará mostraram que a banca tem uma completa desestrutura para realizar um certame deste porte”, analisou.

Para impedir o esquema criminoso, policiais civis e promotores do MPDFT cumpriram 10 mandados de busca e apreensão na manhã de ontem na sede da Novacap em uma operação denominada Cartas Marcadas. Eles apreenderam celulares, computadores e documentos para análise. Ninguém foi preso. Participaram da operação 20 agentes, quatro delegados, um perito do Instituto de Criminalística (IC), outro do Ministério Público e dois promotores de Justiça.

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Diretor de Repressão ao Crime Organizado (Draco) da Coordenação de Combate ao Crime Organizado, aos Crimes contra a Administração Pública e contra a Ordem Tributária (Cecor) da Polícia Civil, o delegado Adriano Valente explicou que houve ao menos três contestações. Uma delas referente ao valor de inscrição cobrado pela banca (R$ 6 a R$ 7 dependendo do cargo), considerado irrisório.

Outra denúncia é da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Distrito Federal (OAB-DF), que alegou não ter sido acionada para colaborar nas provas voltadas ao cargo de advogado, como ocorre em concursos públicos. A terceira é referente a aparente desorganização da banca, já que o dia da realização da prova foi alterado quatro vezes.

O investigador explicou que, agora, a equipe se concentra para analisar os documentos. “Essa foi uma ação preventiva no sentido de garantir a lisura do contrato e tentar apurar eventuais fraudes. Ainda estamos em fase de investigação e continuaremos a desenvolver novas ações”, frisou.

O promotor Fabio Nascimento ressaltou que os candidatos podem acionar a Justiça para buscar ações de danos eventuais. “Ao todo, foram 72 mil inscritos. Alguns moram fora do Distrito Federal e vieram, só no último mês, duas vezes a Brasília, a fim de fazer a prova. Aqueles que se sentirem prejudicados podem entrar com uma ação para ressarcimento dos danos materiais e morais se assim entenderem”, esclareceu.

Em nota, a Novacap informou que “está colaborando com as investigações e fornecendo todas as informações solicitadas”. A estatal ainda afirmou que é de interesse dela que os fatos sejam esclarecidos e explicou que o adiamento do concurso no domingo não foi comunicado pela banca.

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