Esta sexta-feira (3/7) é o último dia para concorrer ao concurso que oferece 30 vagas para a carreira de diplomata. Segundo a banca examinadora da seleção, o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), os cadastros podem ser feitos aqui somente até as 23h59. A taxa custa R$ 200. Do total de chances, 22 são para ampla concorrência, seis para cotas raciais e duas para deficientes.
Para concorrer ao salário inicial de R$ 15.005,26 basta ter curso superior, em qualquer área. Confira aqui o edital de abertura.
Fases
O concurso conta com prova objetiva, que será aplicada no dia 2 de agosto, constituída de 73 questões sobre língua portuguesa, história do Brasil, história mundial, geografia, política internacional, língua inglesa, noções de economia, noções de direito e direito internacional público. Haverá também provas escritas de língua portuguesa em 30 de agosto; além de provas entre 31 de outubro e 8 de novembro sobre história do Brasil, política internacional e geografia, língua inglesa, noções de economia, noções de direito e direito internacional público; e outra prova objetiva de língua espanhola e língua francesa. Haverá ainda curso de formação profissional, que será realizado em Brasília.
Saiba Mais
Comunicado
O Cebraspe publicou comunicado informando que, devido a uma falha técnica no processo de inscrições, o registro da opção para concorrer às cotas raciais não foi computado, Quem desejar pode registrar novamente esta opção até o dia 6 de julho, no site da banca organizadora.
Carreira diplomática
Os diplomatas representam o Brasil em outras nações e atuam em negociações de política externa. Ao longo da carreira, podem surgir oportunidades e convites para atuar em diversos países. Além do salário, o status do cargo é um dos maiores atrativos da função. Se a concorrência para as seleções do tipo já era alta, desde 2011, passou a ser ainda mais disputada porque o número de vagas oferecidas diminuiu consideravelmente, da média de 100 para 30 por concurso. No ano passado, o índice de concorrência foi de 230,61 candidatos por vaga.
Formado em economia e cinema, Bernardo Feitosa, 25 anos, se prepara para o concurso há dois anos e meio. “Escolhi ser diplomata por razões ideológicas: quero poder influenciar decisões internacionais, ter um impacto global e poder trabalhar com direitos humanos.” O jovem dedica, no mínimo, oito horas diárias para estudar por conta própria, por meio de leitura, fichamentos, resoluções de provas antigas e, ocasionalmente, videoaulas. “Minha preocupação maior é com a parte de história, porque você tem que ter o embasamento para responder todas as questões e, na última vez que fiz a prova, as questões da matéria foram bem complexas.” Bernardo não está preocupado com a alta concorrência. “Isso não pode te afetar de forma alguma. Se você parar para pensar, pode ser que a maior parte das pessoas não esteja bem preparada.” Se aprovado no concurso, o aspirante a diplomata gostaria de ir trabalhar em Israel, por interesse na cultura e nos conflitos da região.
Sem fórmula mágica
Com tantas matérias para estudar, não há receita para aprender tudo de uma vez, mas, para a professora de direito internacional do curso Sapientia, Priscila Zillo, nesse momento de preparação é tudo ou nada. “Não é mais hora de ler doutrina e longos textos, é preciso praticar com exercícios, fazer muitas questões de provas antigas e repassar resumos.” Priscila aconselha que os candidatos se mantenham calmos e tenham um panorama de conhecimentos gerais. “Tem que ter tranquilidade na leitura da questão. A primeira fase cobra conhecimentos não aprofundados, de forma básica, mas, consistente. É preciso ter tudo na ponta da língua, consolidar os conhecimentos, mas não, necessariamente, se aprofundar.” A professora acredita que serão cobrados conteúdos clássicos, como fontes do direito internacional, tribunais internacionais, direito integração e direitos humanos, que vêm caindo em peso em concursos devido a acontecimentos recentes.
Doutor em relações internacionais, professor de política internacional e diretor do curso Audiplo, que oferece formação específica para os candidatos ao concurso de admissão à carreira diplomática, Fabiano Mielniczuk garante que é essencial ter uma boa formação básica. “O candidato precisa, primeiramente, saber superficialmente todos os pontos do edital e, depois, se aprofundar por meio de livros e artigos, resolver exercícios de provas antigas, escrever bastante para se apropriar do conhecimento, além de participar de palestras e seminários.” Para Mielniczuk, a primeira fase é a mais difícil porque elimina a maior parte dos candidatos. Ele ressalta que a seleção, como um todo, tem um grau de dificuldade muito alto. “Geralmente, as pessoas demoram de três a quatro tentativas para passar, mas eu tenho alunos que tentam há 10 anos. Não é um processo que funciona com seis meses de estudo. Na hora da prova, é preciso estar tranquilo, seguro do que sabe e, se não souber, não arrisque: é necessário conhecer os limites do próprio conhecimento.” O professor estima que os conteúdos que cairão na prova estarão relacionados ao agrupamento econômico formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (Brics) e ao bloco econômico formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela (Mercosul). Também devem ser abordadas questões sobre o Banco Continental de Reservas, a participação do Brasil no combate às drogas e o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
Daniel Sousa, professor de economia do Curso Clio, acredita que a matéria tem se aproximado muito dos conteúdos de política internacional, portanto, é provável que estratégias de imersão econômica, macroeconomia aberta, comércio exterior e a integração do Brasil a outros blocos econômicos estejam no foco do concurso. “O candidato precisa ler, preocupando-se sempre em dar atenção maior para a parte de macroeconomia. É importante dar uma olhada em provas antigas para saber como o conteúdo poderá ser cobrado.”
Daniel ainda comenta que a prova aborda um número de temas muito abrangente e, para se sair bem, o candidato precisa ter a capacidade de conhecer um grande número de assuntos diferentes. “Na hora da prova, é válido fazer um rascunho das questões e começar pela parte que acredita ser mais fácil. Lembre-se de que não é preciso responder a todas as questões, assinale apenas as que você sabe.”
Passe bem / Política internacional
A expansão da Otan tornou-se um novo ingrediente para fricções entre os russos e os membros da Aliança Atlântida. Com essa expansão, passaram a fazer parte da Otan alguns países participantes do antigo Pacto de Varsóvia, além de vários países balcânicos e bálticos.
Comentário
A alternativa está correta. Demandaram do candidato conhecimentos sobre as relações da Rússia com a Europa Ocidental e os Estados Unidos na dimensão militar (a expansão da Otan sempre foi vista como uma ameaça) e sobre seu entorno regional, sendo as Revoluções Coloridas dos anos 2000 (Rosa, na Geórgia; Laranja, na Ucrânia) a principal fonte de preocupação para a Rússia, posto que foram responsáveis pela derrubada de aliados da Rússia nesses países.
Gabarito: Correto
Questão retirada da prova do Instituto Rio Branco, realizada pelo Cespe em 2014, comentada por Fabiano Mielniczuk