Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Apesar de possível suspensão em 2016, concurseiros devem continuar se preparando

O Ministério do Planejamento afirmou que os certames já autorizados em 2015 serão mantidos

16/09/2015 10:59

Célia Perrone

Ana Rayssa/Esp. CB/D.A Press - 12/6/14
Milhares de concurseiros em todo o país perderam o sono depois que o governo anunciou o cancelamento das novas vagas dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para o próximo ano. Eles temem que o dinheiro e o tempo investido para se preparar para os exames escoem pelo ralo e que o sonho de ingressar no serviço público se torne inviável.

Henrique Grande Neto, 27 anos, formado em engenharia da computação, está preocupado com o cancelamento de certames, incluindo os da área administrativa do Superior Tribunal de Justiça (STJ), da Câmara dos Deputados e da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Funcionário terceirizado da área de informática do STJ até o início do ano passado, ele agora se dedica exclusivamente aos estudos. “Há um ano e meio venho me preparando. Já gastei muito tempo e muito dinheiro. Só o curso consumiu mais de R$ 10 mil, pagos à vista”, disse. Ele não conta com oportunidades em empresas privadas. “Engenheiro, neste país, com a economia paralisada, não tem como se empregar”, afirmou.

O estudante Marcos Vinícius Souza, 23 anos, tem mais esperanças. “A máquina pública não pode parar. Eles vão precisar repor os cargos que estão ficando vagos com aposentadorias”, afirmou.

Souza trancou o curso de letras na Universidade de Brasília (UnB) depois de dois anos nas salas de aula. Como não tem diploma de curso superior, pretendia disputar uma vaga de nível médio, com salário de cerca de R$ 4 mil, na administração de tribunais, agências reguladoras ou no setor legislativo.

O Planejamento afirmou que o cancelamento abrange todas as vagas para os concursos no ano que vem. O texto original do Projeto de Lei Orçamentária Anual para 2016 – que terá de ser revisto – prevê o preenchimento de até 40.389 postos em cargos comissionados e efetivos no próximo ano, por meio de novos concursos e da chamada dos aprovados em seleções já realizadas.

Para a professora de direito constitucional Nelma Fontana, a seca de concursos não é novidade. Ela lembrou que, no segundo mandato do governo Fernando Henrique Cardoso e em 2011, primeiro ano de Dilma Roussef na Presidência, essas medidas também foram tomadas.

“Isso desanimou e desiludiu muita gente, só que, em 2012, abriram-se as vagas, e quem deixou de estudar não passou, pois não estava preparado. É importante ressaltar que hoje o nível de concorrência está muito maior, com provas muito mais difíceis”, disse.

Segundo Maria Teresa Sombra, diretora executiva da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), o cancelamento pode provocar colapso na administração federal. “Não podem e não devem, em hipótese alguma, ser suspensos os concursos da Anac, ANP, ANS, BB, CEF, Correios, Dnit, Fiocruz, Inca, IBGE, INSS, Infraero, Ministério da Fazenda e Ministério do Planejamento, PRF e PF”, elencou.

Sombra ainda acrescenta que os cortes seriam muito bem recebidos se tivessem resultado na extinção da terceirização e de parte dos quase 100 mil cargos de confiança do governo.

Estatais excluídas
A suspensão de concursos públicos para os três poderes implicará redução de R$ 1,5 bilhão de gastos em 2016. Os certames já autorizados em 2015 serão mantidos, afirmou por meio de nota o Ministério do Planejamento. As nomeações dos aprovados também estão asseguradas. O ministério esclarece que o esforço fiscal não engloba os concursos das empresas estatais.

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