Após anular as provas do concurso público da Secretaria de Estado do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh), a banca da seleção, o Ibrae, divulgou comunicado nesta segunda feira (25/3) acusando alguns candidatos de furto e até cárcere privado.
Na publicação, a banca afirma que quatro homens deixaram uma das salas de aplicação dos exames e prenderam, durante duas horas, seis coordenadores do concurso na sala de coordenação da Unip. Foi afirmado também que envelopes e itens pessoais dos coordenadores foram furtados, além da invasão na sala de coordenação.
No comunicado do Ibrae, a banca afirma que apesar das irregularidades, a prova ocorreu normalmente em todas os outros locais de provas. Entretanto, candidatos afirmam que problemas similares aos que aconteceram na UNIP se repetiram em outras unidades.
Um candidato que não quis se identificar, afirmou que fez a prova em Taguatinga e lá também houve atrasos excessivos. "Uma pessoa estava fazendo duas provas ao mesmo tempo na minha sala. Além disso, não tinha detector de metal, nem sirenes funcionando”.
No comunicado, o Ibrae afirmou que tomará as medidas criminais cabíveis contra os candidatos que praticaram crime de Constrangimento Ilegal (Art. 146, caput, do Código Penal), Cárcere Privado (Art. 148, caput, do Código Penal) e de Fraude em Certames de Interesse Público (Art. 311-A, caput, do Código Penal).
Veja o comunicado em sua íntegra:
COMUNICADO AOS CANDIDATOS
É com enorme pesar que nós, da Equipe IBRAE, informamos a anulação da prova realizada no turno matutino do dia 24 de março de 2019, bem como o cancelamento da prova que seria realizada no turno vespertino desse mesmo dia. Na manhã do dia 24/03/2019, às 8h00, a organização do concurso da Secretaria de Desenvolvimento (SEDES) constatou que um único malote de prova destinado para a Universidade Paulista (UNIP) foi enviado equivocadamente para a UPIS. Esse engano atrasaria em 27 minutos o início da prova em 5 salas da UNIP. A prova iniciou-se regularmente, em TODAS as demais salas, escolas e faculdades. A distância entre a UPIS e a UNIP é de menos de 1 quilômetro, e o engano foi prontamente solucionado. O único malote de provas trocado chegou corretamente à UNIP, inviolado, às 8h27 do dia 24/03/2019. Seguindo o protocolo padrão na realização de concursos em todo o país, o tempo devido seria acrescido ao tempo total de prova, para que nenhum candidato das 5 salas fosse prejudicado. Contudo, um único fato impediu o reinício da prova nessas 5 salas. Quatro homens deixaram juntos uma das salas, contrariamente à instrução da Coordenação do Concurso. Eles foram reiteradamente informados que deveriam retornar para o local de provas, mas se negaram a fazê-lo. Em seguida, os vândalos prenderam 6 Coordenadores do concurso na Sala de Coordenação da UNIP, durante mais de 2 horas, inviabilizando que as provas corretas fossem enfim levadas às salas. De acordo com o Coordenador-Geral do IBRAE na UNIP, “Vários envelopes foram furtados por candidatos, a sala da coordenação foi invadida e até mesmo pertences pessoais dos supervisores foram furtados.” O que seria uma simples troca de malote transformou-se em um verdadeiro ato de vandalismo praticado por alguns candidatos que estavam na UNIP. Esses alunos deixaram suas salas, começaram a gritar no corredor, tiraram os seus celulares do envelope porta-objeto. Não satisfeitos, invadiram uma sala ao lado e tomaram 2 à força a prova da mão de uma candidata. Começaram então a fotografar a prova e a divulgá-la na internet. Tudo isso foi feito antes de 8h30min. Os vândalos agiram com a intenção manifesta de anular a prova, enquanto milhares de pessoas participavam regularmente do concurso.O comportamento agressivo dos vândalos, bem como a divulgação do conteúdo da prova, exigia a anulação das provas realizadas no turno matutino. O prejuízo financeiro para o IBRAE não será pequeno. Envolverá o custeio, mais uma vez, dos funcionários de prova, da elaboração de questões, da equipe de segurança, reimpressão das provas e aluguel dos locais de prova. Ainda maior foi o prejuízo para os candidatos. Os estudantes se prepararam e estudaram para a prova. Nós, da Equipe IBRAE, nos solidarizamos com todos os candidatos e faremos absolutamente tudo que estiver ao nosso alcance para reestabelecer a regularidade do concurso e punir os envolvidos na vandalização do certame. A prova foi iniciada com integridade em todas as demais escolas e faculdades, ou seja, para 99% dos candidatos. Uma pequena minoria não nos abaterá. O IBRAE tomará as medidas criminais cabíveis contra os candidatos que praticaram crime de Constrangimento Ilegal (Art. 146, caput, do Código Penal), Cárcere Privado (Art. 148, caput, do Código Penal) e de Fraude em Certames de Interesse Público (Art. 311-A, caput, do Código Penal). O IBRAE foi fundado no princípio da moralização da administração pública. Pedimos que todos os milhares de estudantes sérios e comprometidos continuem estudando e não desanimem.Em breve, uma nova data será divulgada para a reaplicação da prova.
Atenciosamente,
IBRAE
Coordenação de Concursos
Brasília, DF, 25 de março de 2019.
Entenda mais
A aplicação da prova de concurso para a Sedest, que estava previsto para as 8h do domingo (24/3) teve registro de confusão, e a Polícia Militar precisou ser acionada. Após o tumulto, o Ibrae decidiu cancelar as provas que seriam aplicadas no período vespertino.
De acordo com relatos de candidatos, a prova foi entregue com um atraso excessivo, muitos envelopes não estavam lacrados e até mexer no celular era permitido dentro de sala enquanto os candidatos tinham acesso ao caderno de provas.
Com a confusão, muitos candidatos decidiram registrar ocorrência policial. Alguns se encaminharam à 1ª DP (Asa Sul). Por volta das 12h30, o Instituto Brasil de Educação (Ibrae) encaminhou, por email, um comunicado aos candidatos que fariam a prova na tarde deste do domingo (24/3). A banca examinadora cancelou a aplicação das provas no período vespertino alegando que a decisão é por conta do atraso ocorrido na distribuição do exame para concurseiros na Unip e pelo “tumulto causado por alguns candidatos”. Confira mais.