Foco na aprovação. Teste os seus limites. Aumente suas horas de estudo diárias. (Quase) tudo o que você provavelmente tomava como certo no mundo dos concursos públicos está errado. Isso é o que defende Benjamim Lima Júnior, auditor do Tribunal de Contas da União (TCU). "O que deve acontecer na mente do candidato é uma mudança de paradigma. A meta não deve ser 'conseguir ser aprovado em um concurso', mas sim 'estar preparado'", explica. Clemens Santos, colega de Benjamim no TCU, acrescenta: "Não existe fórmula fechada. Essas promessas de sucesso não garantem aprovação".
Em uma palestra conjunta, promovida pela Fundação Escola Superior do Ministério Público, os dois conversaram sobre os métodos e técnicas que utilizaram para ter sucesso nos certames dos quais participaram. Filósofo pela Universidade de Brasília (UnB), Lima Júnior está no TCU desde 2003. Aprovado já na primeira tentativa, esse não foi o único concurso do qual participou. Benjamim já participou de 21 seleções, foi aprovado em 20 e convocado para 16. O TCU é a carreira com a qual sempre sonhou. Hoje se sente realizado. O mesmo se aplica a Clemens, também aprovado já no primeiro concurso para auditor do TCU que fez.
Cinco passos para a aprovação
Apesar de ambos estarem na carreira do Tribunal de Contas, as dicas são gerais, e podem ser aplicadas a qualquer certame. Cada um dá cinco passos para o sucesso nos estudos. Ainda que distintos, os métodos são complementares. Na lista de Lima Júnior constam as seguintes etapas: predisposição, livros clássicos, livros práticos, execução de provas e especialistas. "Se você realmente quer se preparar e estar pronto para a prova, você tem que ser um desesperado. Tem que ter predisposição para abrir mão de algumas coisas, para, assim, estudar, se organizar e se preparar. Se alguém não está realmente disposto, dificilmente vai conseguir passar", avalia.
Sobre os livros, ele explica: "É necessário beber na mesma fonte que o seu professor bebeu, que a banca bebeu, e entender o que será cobrado e a partir de qual ponto de vista será cobrado", esclarece ele sobre a necessidade de livros clássicos. "E um autor que dá exemplos mastigados facilita a vida de quem se propõe a estudar", acrescenta sobre os livros práticos.
A respeito das provas, Lima Júnior defende que é necessário estar constantemente se testando e verificando as próprias habilidades. E, sobre os especialistas, a dica é ter alguém que entenda muito sobre o assunto para tirar dúvidas e adicionar conhecimento. O foco deve ser o preparo, defende. "Se aparece uma oportunidade e você não está preparado, você não vai ser aprovado. A aprovação é consequência da preparação", defende. Como mote, ele utiliza as mesmas palavras de ordem do Exército Brasileiro: "Treino difícil, combate fácil".
Já os cinco passos sugeridos por Santos se referem à gestão do tempo e à organização dos estudos. São eles: meta, atenção, hábitos, prioridades e método. Sobre as metas, a dica é ter um objetivo claro: "É necessário que as suas metas sejam específicas e possam ser medidas", diz.
"De nada adianta estabelecer uma meta que é impossível de medir se está sendo cumprida ou sem que haja a possibilidade de aprimorá-la”, acrescenta. O auditor frisa a importância do cuidado com o excesso de informação disponível hoje – redes sociais, email, grupos de amigos, televisão, rádio. Segundo ele, com tantos estímulos, o cérebro tem mais dificuldade de se concentrar em uma única tarefa. "A capacidade de atenção seletiva é cada vez menor", esclarece.
O terceiro ponto, referente aos hábitos, defende o ponto que, sem repetição na execução de uma tarefa, é impossível adquirir maestria. "Somos aquilo que repetidamente fazemos, então se a gente quer ser consistente a gente precisa ter hábitos", e o estudo deve ser um deles. Santos também fala sobre a importância de priorizar, tanto o que deve ser estudado como o estudo, muitas vezes, em detrimento de outras tarefas que tiram a atenção no dia. E, por fim, sobre o método, Clemens defende: "Não existe fórmula fechada, existe o que você fez e deu certo para você e o que eu fiz e deu certo para mim. Por isso é importante conhecer os próprios pontos, tanto fracos quanto fortes, para desenvolver um método que mais se adeque a cada necessidade", explica.
Quem está se preparando
Emmanuelle Soares Costa foi pupila de Benjamim durante a faculdade. Na busca pela aprovação em um concurso ela seguiu os conselhos do filósofo e obteve sucesso. Desde 2009 é técnica do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF). Agora, depois de concluído o curso de Direito, Emmanuelle busca uma vaga na magistratura. "As principais dicas que eu apliquei na época foram as de planejamento e organização", explica. "Eu fazia um cursinho desses preparatórios intensivos, então sobrava pouco tempo para estudar, revisar as aulas e ainda fazer exercícios", confessa ela. "Então com a dica do Benjamim eu comecei a resolver mais provas e focar em me avaliar sempre."
Marcus Henrique Almeida Campos está em busca de uma vaga de delegado na carreira policial. Campos explica que uma das dicas dadas por Benjamim – de fazer um método de autoavaliação segundo a matriz Swot – é o que mais deve ajudá-lo na preparação para os certames. "Eu noto que às vezes perco muito tempo com coisas que não precisava, com esse método eu vou poder avaliar quanto eu me prejudico, com minhas fraquezas, e o que o ambiente me prejudica e tira o meu foco", esclarece.
Campos estuda atualmente aplicando principalmente duas técnicas, a de leitura dinâmica e a de revisão. "Eu demorava muito tempo para ler alguns conteúdos, com a leitura dinâmica eu consegui melhorar e acelerar a leitura." As revisões de Marcus são separadas em três grupos: uma 24h depois de aprender a matéria, a segunda 72 horas depois e, a terceira, uma semana depois do primeiro estudo do conteúdo. Sobre as palestras, o futuro delegado afirma: "Se você quer ser vencedor, una-se a eles. É muito bom poder ouvir e aprender com quem já teve sucesso e já chegou lá", finaliza.