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Concurso CBMDF: nova data de aplicação de provas será divulgada em breve

A prova foi anulada nesta terça-feira (14/2) após denúncias sobre irregularidades cometidas durante os exames realizados no último dia 12

15/02/2017 13:50 | Atualização: 24/02/2017 11:25

Mariana Fernandes

CB/D.A Press
Após a anulação da prova do concurso para oficiais do Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal (CBMDF), o Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial Nacional (Idecan), informou ao Correio que as novas datas para a reaplicação da prova serão divulgadas em breve. "Todos os esforços estão sendo feitos para que ocorra o mais breve possível e que tão logo a data seja definida". O instituto fará a divulgação por meio do site www.idecan.org.br. 

A prova foi anulada nesta terça-feira (14/2) após denúncias sobre irregularidades cometidas durante os exames realizados no último dia 12. Candidatos reclamaram que cartões de respostas foram distribuídos sem identificação correta. Também faltaram folhas finais para a entrega da redação e os concurseiros tiveram que entregar suas redações em folhas de rascunho.

A banca organizadora esclareceu que as provas previstas para o próximo domingo (19/2) - para o Quadro de Bombeiros Militares de Manutenção de Aeronaves e Equipamentos e para Qualificação Bombeiro Militar Geral Operacional - serão realizadas normalmente. Segundo o Idecan, os outros concursos realizados nos dias 5 e 12 de fevereiro também estão mantidos.

Indignação


Rafael Bispo Andrade, de 26 anos, foi um dos candidatos que realizou a prova para oficiais e se sentiu prejudicado.  Ele contou ao Correio que apenas 30 minutos após o início da prova já foi anunciado que não haveria folha de texto definitivo para a entrega das redações. "Fomos orientados a entregar a prova em uma folha de rascunho", relatou. "O sentimento é de indignação. Um erro como esse dá margem para qualquer tipo de fraude e compromete totalmente a isonomia do concurso".

Segundo Rafael, os erros abrem espaço para possíveis fraudes, mas, a anulação foi coerente. "Espero que a próxima prova seja mais organizada. Muitos querem a troca da banca, porém, isso levaria muito tempo. Pessoas de outros estados seriam ainda mais prejudicadas”.

Barbara Ferreira Andrade, de 26 anos, também fez a prova e reclamou do tempo perdido. “Estou estudando desde o ano passado. Tirei férias do meu trabalho para me dedicar mais e garantir uma boa nota. Só que a banca, por pura desorganização, atrapalhou meus planos e o de muita gente”. 

Ela também ressalta que a anulação foi correta. “Apesar de eu ter conferido o gabarito e visto que minha redação poderia ser corrigida, preferi que anulassem a prova mesmo para evitar que eu pudesse ser ainda mais prejudicada com a correção”.

André Nunes é irmão de um dos candidatos que realizou a prova e também lamentou o fato. "A banca foi péssima, deu um show de desorganização na prova. Nem folha pra redação tinha. Descumpriram o próprio edital que elaboraram”. 

Segundo o Idecan, os candidatos destes e dos próximos concursos podem ficar tranquilos. Confira comunicado na íntegra: 

"O Idecan informa que  está há mais de 10 anos atuando na área de concursos públicos e processos seletivos em todo país tendo organizado com sucesso grandes certames para clientes como Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, Corpo de Bombeiros Militar da Paraíba, Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Norte, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar da Paraíba, Polícia Militar do Espírito Santo, Advocacia-Geral da União, Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (Minas Gerais), Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Prefeitura Municipal de São Paulo, entre muitos outros. Assim, o Idecan reafirma o seu compromisso em desenvolver seus trabalhos de forma séria, prezando a isonomia e licitude na aplicação de concursos em todo Brasil”.

Entenda o caso 

Responsável pela organização do certame, o Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial Nacional (Idecan) anunciou a decisão de anulação na terça-feira (14/2).  

De acordo com a entidade, o cancelamento atendeu à solicitação do presidente da Comissão de Execução do CBMDF e deve-se à "inconsistência havida, relativa à ausência de folhas de respostas da prova  discursiva". Confira aqui o comunicado completo. 

Segundo relatos, os problemas começaram no dia 5 de fevereiro, durante a aplicação das provas para o cargo de condutor e operador de viatura. Porém, estas provas não foram anuladas. Denúncias apontam que havia gabaritos com nomes trocados e candidatos precisaram fazer rasuras para realizar a correção. 

Diogo Henrique de Oliveira Souza, de 27 anos, cobra explicações também sobre a prova realizada no dia 5, para o cargo de condutor.  Segundo ele, ao chegar ao local de prova, previamente confirmado no site oficial do Idecan, o seu nome não estava na listagem da sala e nem com os fiscais locais. Após procurar a coordenação para esclarecer a confusão, percebeu que o fato não aconteceu de forma isolada. Segundo ele, vários outros candidatos tiveram seus locais de provas alterados. “Isso é passível de fraude e trouxe vários problemas e transtornos pra todos. É inadmissível”. Além disso, durante a realização da prova, candidatos foram orientados a trocar de sala novamente. “Parecia um carnaval, uma bagunça. Salas trocadas, nomes trocados e atrasos. Informações oficiais do site não estavam batendo. Trouxe muita confusão e estresse ferindo o princípio de igualdade entre os candidatos”, disse.

Diogo cobra explicações. “A chateação foi tanta que eu perdi até a concentração na prova. Além disso, teve gente que recebeu cartões de respostas com nomes trocados, com nome de outras pessoas e precisava rasurar ou preencher de forma manual seu próprio nome. Essa instituição deve se pronunciar urgentemente”.

Um pedido de anulação também chegou ao Tribunal de Contas do Distrito Federal antes mesmo da decisão de anulação. A solicitação foi apresentada pelo deputado distrital Reginaldo Veras (PDT), em razão de irregularidades que, supostamente, “violaram preceitos legais e constitucionais”. O pedido do parlamentar abarca também as provas de 5 de fevereiro e do próximo fim de semana.

Ao todo, o edital do concurso oferece 779 vagas para candidatos com nível superior. As remunerações iniciais variam de R$ 5 a R$ 6 mil, podendo alcançar R$ 12 após o Curso de Formação. O resultado final está previsto para ser publicado em novembro. 


Mais preocupação


No mesmo dia em que o concurso, organizado pelo Instituto Idecan, foi anulado, outro concurso muito aguardado pelos concurseiros, o da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), anunciou que a mesma organizadora deve organizar o certame, que será lançado em breve.

O anúncio, publicado no Diário Oficial do DF, gerou revolta. De acordo com relatos dos candidatos ao Correio, a banca é conhecida pela 'desorganização e falta de compromisso'. 

"Essa banca é incapaz e desqualificada para fazer qualquer concurso, principalmente concursos para cargos na capital do país! Nenhuma confiança, sem credibilidade, sem idoneidade, desrespeita o candidato, o edital, as leis! Ministério Público tem que intervir e proibir que ela faça qualquer concurso no país!", reclamou o concurseiro Felipe Silva Martino, de 27 anos.

Leia também: Prova do concurso do Corpo de Bombeiros, marcada para domingo, está mantida

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