Entre os concursos com inscrições abertas no Brasil, é possível observar que as Forças Armadas têm sido bem representadas. Enquanto o arrocho fiscal e o corte de gastos têm freado a abertura de certames federais em outras áreas, Exército, Aeronáutica e Marinha continuam lançando seleções. O presidente da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), Marco Aurélio de Araújo Júnior, observa que, em 2017, a quantidade de processos seletivos dessas corporações aumentou em comparação com o ano passado.
“Há um número maior de aposentadorias de militares, provavelmente, por causa do temor da Reforma da Previdência. Em razão disso, há aumento na demanda por pessoal, tendência que deve continuar e até crescer nos próximos meses e em 2018 de forma geral”, comenta. Para quem sonha com uma carreira militar, este é um período propício. Atualmente, há 2.203 vagas abertas nas três instituições: 1.650 no Exército, 197 na Aeronáutica e 356 na Marinha.
As oportunidades de níveis fundamental, médio e superior são para homens e mulheres. As remunerações podem chegar a R$ 10.048,57. A advogada Miriã Pietraroia Carvalho Pinto, 25 anos, estuda há um visando oportunidades nas Forças Armadas. Em 2016, tentou o certame para o Quadro Técnico do Corpo Auxiliar (CP-T) da Marinha para a área jurídica, sem sucesso, e concorrerá novamente no segundo semestre deste ano. Hoje, ela fará a prova do Exame de Admissão ao Estágio de Adaptação de Oficiais de Apoio da Aeronáutica. De família militar, a jovem é apaixonada pela área desde criança.
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“Além da afinidade e da estabilidade financeira, organização, respeito, honra e tudo que é construído por trás das Forças Armadas me encantam muito”, revela. Atualmente, ela estuda de oito a nove horas por dia e está confiante para fazer as provas. Embora esteja focada nos testes intelectuais, a moradora de Londrina (PR) não deixa o preparo físico de lado (afinal, os concursos militares são conhecidos por cobrarem testes do tipo): praticante de atletismo, Miriã corre uma hora por dia, três vezes por semana, e planeja fazer natação. “Prefiro acostumar meu corpo a correr agora e, mais para frente, começar a fazer barra e flexões”, conclui.
Dificuldade elevada
O processo de seleção para ser um profissional das Forças Armadas é longo: os candidatos precisam passar por provas objetivas, avaliações de saúde, psicológica e física e validação de documentos. Os conhecimentos básicos normalmente cobrados são português, matemática, química, física, história, geografia, redação e inglês. Segundo o professor de física Marcelo Freitas, do Zero Um Cursos Preparatórios, o nível de dificuldade se eleva a cada edição, principalmente para oportunidades de formação, como a Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar), a Escola Naval e a Escola de Formação de Oficiais da Marinha. “As Forças Armadas pegam pesado na parte de exatas (matemática, química e física). Apesar de os concursos serem de níveis médio e fundamental, a parte de cálculos é cobrada como se fosse matéria do ensino superior”, diz.
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“A EsPCEx (uma das mais difíceis) aborda os conteúdos como se fosse vestibular. Nos concursos da Força Aérea, as questões são complicadas e longas”, analisa o professor. Mesmo que a cobrança seja mais elevada em exatas, Marcelo sugere ao candidato distribuir bem o tempo de estudo e se dedicar a outras disciplinas. “Tem que ser um preparo completo. Não pode deixar a área de humanas de lado. Os testes exigem também um conhecimento grande de gramática e interpretação de texto. A redação reprova muito, então busque orientação de profissionais e estude”, acentua. No dia da prova, a dica também é administrar bem o tempo. “Tome cuidado para não ficar preso com as questões difíceis e deixar as mais fáceis de lado porque as pontuações são iguais. Divida-se”, conclui.
Prova esportiva
O teste físico é comum aos concursos militares e pode preocupar concorrentes. O professor André Barbosa, diretor do Curso Seleção, ressalta que corrida, flexão, barra e natação são inerentes à carreira militar. “Nenhum aluno é submetido a testes acima da capacidade humana”, pondera. O preparador físico Paulo Cruz acrescenta que é suficiente começar os treinos três meses antes do teste. “Exercitar-se três vezes por semana seria o ideal, de 40 minutos a uma hora por dia. Eu separaria dois dias para abdominal e flexão e um para corrida”, orienta. Pessoas sedentárias precisam se dedicar mais para atingir o mínimo esperado. “Às vezes, será necessário mais que três meses, vai depender do esforço de cada pessoa, mas é possível para todo mundo”, ressalta.
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Fique de olho
Marinha
Corpo auxiliar de praças
Edital previsto para julho
Programa de residência
médica e especialização em enfermagem
Edital previsto para agosto
Aeronáutica
Curso de adaptação de médicos da Aeronáutica (Camar)
Edital previsto para junho
Concurso de admissão ao Instituto Tecnológica de Aeronáutica (ITA), vestibular 2018
Edital previsto para agosto
Curso de formação de sargentos da Escola de Especialistas de Aeronáutica (Eear)
Edital previsto para julho
Exército
Estágio de instrução e adaptação ao quadro de capelães militares
Edital previsto para junho
Curso de formação de oficiais do quadro complementar da Escola de Formação Complementar do Exército (EsFCEx)
Edital previsto para junho
Curso de formação de oficiais (medicina/farmácia/odontologia) da Escola de Saúde do Exército (EsSEx)
Edital previsto para julho
Curso de formação e graduação (para nível médio) do Instituto Militar de Engenharia (IME)
Edital previsto para julho
Curso de formação (para nível superior) do IME
Edital previsto para agosto
*Estagiária sob supervisão de Ana Paula Lisboa