Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

PDV é recebido com repúdio imediato de servidores

Além dos funcionários públicos, a proposta foi tolerada pelos analistas de mercado, sem calorosos aplausos

26/07/2017 10:16

Vera Batista

Jaélcio Santana/ Força Sindical
Protesto da Força Sindical em São Paulo pelo corte da taxa de juros
A estratégia do governo de conceber um Plano de Demissão Voluntária (PDV) no Executivo federal, para economizar R$ 1 bilhão em 2018, recebeu imediatamente o repúdio de servidores. Foi tolerado pelos analistas de mercado, sem calorosos aplausos. Para ambas as partes, usualmente em campos opostos, o plano terá pouco efeito prático. Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional das Carreiras de Estado (Fonacate), definiu a medida como “irresponsável e midiática”.


“O governo quer fazer um ajuste desesperado nas contas para manter o apoio político. Nem sequer apresentou mapeamento do loteamento ideal no serviço público. Como saberá quantos vão sair se não sabe quantos deverão ficar?”, questionou. O Planalto está meramente “enxugando gelo”, disse. Parte significativa do que foi anunciado está prevista em lei, a exemplo da redução da jornada para seis horas, com salário proporcional — 75% da remuneração. “Não tem novidade”, ironizou Marques.

O Executivo teria melhor resultado se o Ministério do Planejamento fizesse o dever de casa, que é regular o desempenho do servidor. “A CGU já concluiu várias demissões com base na insuficiência”, lembrou. De acordo com o Planejamento, a intenção é “aumentar a eficiência no serviço público”. O Executivo, em dezembro passado, tinha 632.485 servidores. A despesa com eles no acumulado de janeiro a dezembro de 2016 ficou em R$ 96,4 bilhões.

De acordo com Gil Castello Branco, especialista em contas públicas, “ficou claro que o governo quis mostrar que está cortando na carne e fez algo precipitado, sem avaliar os próprios riscos”. Em uma conta rápida, ele avaliou que, com a economia de R$ 1 bilhão em 2018, com corte de 5 mil pessoas, então, se refere a quem ganha R$ 200 mil por ano, o equivalente a salário mensal entre R$ 15 mil e R$ 16 mil. Estão nessa faixa remuneratória as carreiras de Estado. “Exatamente onde se encontra mais eficiência. Por isso, o plano não tem muita possibilidade de prosperar”, avalia Gil.

O plano do governo, por sua vez, deu um norte ao mercado. “Tem um simbolismo. É importante a equipe econômica reconhecer que precisa mexer nas despesas obrigatórias. O valor não faz muita diferença. O fundamental é a direção”, assinalou Zeina Latif, economista-chefe da XP Investimentos.

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