Algumas postagens afirmam que a banca organizadora do concurso copiou cerca de 70% dos itens de química de sites na internet. Das 10 questões da prova da disciplina, os candidatos apontam que sete foram copiadas de sites conhecidos, como Yahoo Resposta, PasseiDireto, Infoescola e outros. Nenhuma das questões acima fazia referência às suas respectivas fontes, e todas mostram a resposta da questão, o que nos leva a identificar um plágio e imprudência referente à isonomia dos candidatos”, diz uma das mensagens que circulam na rede. “Observe que as questões são copiadas ipsis litteris (sem mudar nada), não sendo indicada a fonte da qual foi retirada a questão, ou seja, ocorrendo conduta antiética e retirando do candidato a isonomia, além de quebrar o sigilo das questões da prova”, acrescenta o texto, que junta imagens e links para os sites mencionados.
Especialista em concursos públicos, o advogado Max Kolbe afirma que, se ficar demonstrado que questões foram plagiadas, a prova deve ser anulada e aplicado um novo teste. Ele manifesta ainda preocupação em relação ao concurso da Polícia Militar do Distrito Federal, também a cargo do Idecan. “Levando em consideração o interesse público e o princípio de eficiência, a banca organizadora, por incidir pela segunda vez consecutiva em erro prejudicial à coletividade, deverá ser substituída, com aplicação de multa à própria, devendo esta ser impedida, inclusive, de realizar o concurso da PM”, argumentou.
Apesar de lamentar a possibilidade de anulação da prova, o estudante de engenharia civil Perckison Lincoln do Nascimento, 22 anos, que vem estudando desde 2013 para o certame, faz parte de um grupo de candidatos que pretende exigir a investigação das denúncias. “É uma falta de respeito com os candidatos. Se for comprovado que teve plágio, espero que os órgãos competentes anulem a prova e outra banca assuma o concurso”, afirma.
Fernando Modesto, advogado especialista em direito administrativo, afirmou que pode haver plágio mesmo quando a sentença é reescrita de forma diferente, mas com ideia idêntica. “A questão pode ter sido parafraseada, mas é muito complicado comprovar isso, até porque é uma análise muito subjetiva”, ressalvou. Ele acredita que a prova e as questões não deveriam ser canceladas devido a indícios. “As pessoas que não estudaram por essas questões talvez tenham sido prejudicadas. Mas é complicado provar e anular o item”, disse.
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Em nota, o Idecan informou que, “de acordo com o item 15.2 do edital, o candidato que desejar interpor recurso em relação às questões das provas objetivas disporá de 10 dias úteis para fazê-lo, a contar do dia subsequente à data da divulgação dos gabaritos, através de sistema próprio no site do Idecan”. “Após esse período, o Idecan analisará todos os recursos e tomará as providências cabíveis para que não haja prejuízos a nenhum dos candidatos inscritos. Este é um procedimento habitual em todos os processos realizados pelo Idecan, para garantir a lisura e isonomia dos certames”, acrescenta a nota.
No último dia 14, o Idecan anulou, a pedido do Corpo de Bombeiros a prova do concurso para o cargo de oficial, depois de o deputado distrital Reginaldo Veras (PDT) apontar irregularidades que “violaram preceitos legais e constitucionais” ao Tribunal de Contas do DF.
* Estagiários sob supervisão de Odail Figueiredo