Concurso, CorreioWeb, Brasília, DF

Conheça as vantagens e desvantagens de ser servidor temporário

Atualmente, o Ministério da Justiça está com edital de processo simplificado aberto para temporários; salário de R$ 8,3 mil

12/02/2015 10:14 | Atualização: 12/02/2015 10:36

Sílvia Mendonça

Iano Andrade/CB/D.A Press
MJ oferece 14 chances temporárias
Ser ou não ser servidor temporário? Eis a questão. Quem estuda para concursos sabe que o atrativo principal da carreira pública é a estabilidade financeira. No caso das vagas com contratos temporários, contudo, essa estabilidade tem data marcada para acabar. Tiago Pugsley, professor de direito penal e coordenador jurídico do cursinho preparatório IMP, acredita que a classificação nessas seleções deve ser vista apenas como um alívio imediato na dura busca por uma vaga efetiva. Já quem vive a realidade de ser temporário pondera os pontos positivos e negativos. “Eu nunca quis me acomodar no cargo. Quando entrei sabia que aproveitaria a oportunidade, mas que em algum momento teria que ir além”, conta Lucas Nóbrega, de 28 anos, servidor público temporário.

O contrato de Lucas acaba em maio deste ano, quando completa quatro anos no posto de psicólogo da Secretaria de Saúde Indígena, do Ministério da Saúde. “A vaga tem muito a ver com meus interesses profissionais, então foi uma ótima oportunidade independentemente do tempo que fiquei”, conta. Com o desemprego à vista, ele pondera começar um mestrado, trabalhar em consultório próprio e, quem sabe, voltar para o campo da saúde indígena.

Para Lucas, o ônus de contratar servidores temporários fica para o próprio órgão. “Você tem gente trabalhando e ganhando experiência, mas ela terá que sair. Ou seja, eles investem na carreira, no profissional e depois tem que descartá-lo. O melhor é fazer concurso para efetivos”, acredita. Rafael Pereira, de 31 anos, também aponta desvantagens tanto para a Administração quanto para o servidor temporário. Ele deixou um cargo público efetivo no Espírito Santo, onde ganhava menos, para atuar por dois anos e meio como coordenador do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça. “Você mobiliza muita energia sabendo que tem prazo para acabar, o que é bastante difícil de encarar. Da metade do contrato para frente, começamos a pensar em uma porta de saída” lembra.

Rafael conta que, como gestor, viu as desvantagens de perto. “O contrato de várias pessoas da minha equipe estava acabando. O profissional vai ficando desmotivado, sem perspectiva e isso é um grande complicador para gestão de pessoas”, analisa. Além disso, alguns benefícios oferecidos para servidores efetivos nem sempre contemplam os temporários. Durante a estadia no Ministério da Justiça, Rafael lembra que não pôde participar de uma campanha gratuita de vacinação contra a gripe, já que era exclusiva ao quadro de pessoal permanente. “Enquanto isso, as responsabilidades e a pressão sob os dois tipos de servidores são iguais. Não faria certame para temporário de novo”, avalia.

Apesar de tudo, Rafael, que atualmente trabalha em um cargo comissionado na Secretaria de Segurança Pública do DF, pondera o lado bom da experiência. “Aprendi muito sobre a área com a qual trabalho, pude conhecer gente competente e fazer contatos”, exemplifica. O plano, agora, é ser aprovado para algum cargo efetivo. “Participei de seleções para o CNJ e MPU. Pretendo continuar fazendo concurso e ficar em Brasília”, conta.

O especialista Tiago Pugsley destaca que a oportunidade pode ser positiva se o candidato tiver condições de manter os estudos em paralelo com o novo trabalho. “Se a pessoa passa em um concurso temporário e para de estudar por falta de tempo ou se acomoda, quando o contrato acabar ele vai voltar para a estaca zero”, alerta. Ele acredita que o nível de dificuldade dos certames para cargos temporários é mediano, mas avalia que, ainda assim, os candidatos devem estar bem preparados. “Não é qualquer um que passa”, reforça.

Vagas abertas
Atualmente, o Ministério da Justiça abriu processo seletivo simplificado, com 14 vagas temporárias. Os aprovados vão desenvolver atividades inerentes ao gerenciamento do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisional e sobre Drogas (Sinesp).

Podem concorrer ao cargo de gerente de projetos em tecnologia da informação candidatos com nível superior em informática/computação (ou em qualquer curso, mas com pós-graduação na área), além de experiência superior a cinco anos em funções de coordenação de projetos e/ou coordenação de projetos em ambientes ou linguagem de software livre; ou ainda quem tiver título de mestrado ou doutorado na área.

O salário é de R$ 8.300, para uma jornada de 40 horas semanais. Do total de cargos, 10 são para ampla concorrência, três são reservado para negros, e um para deficientes.

Os contratos terão validade de um ano, com possibilidade de prorrogação por até cinco anos. As inscrições custam R$ 70 e podem ser feitas pelo site ww3.funcab.org, até 22 de fevereiro.

Haverá prova objetiva no dia 29 de março, sobre língua portuguesa, noções de direito administrativo, legislação e ética na Administração Pública, e conhecimentos específicos. A seleção conta ainda com prova de títulos e sindicância de vida pregressa. Todos os exames serão de responsabilidade da Fundação Professor Carlos Augusto Bittencourt (Funcab) e realizados em Brasília.


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