Com o cenário de redução das oportunidades no setor privado, os concursos públicos são alternativa para driblar os índices de desemprego. Apesar de o momento atual também não oferecer condições tão favoráveis para o mundo dos concursos quanto há alguns anos, o professor de direito administrativo e direito constitucional do IMP Concursos Ivan Lucas acredita que ainda há chances a serem aproveitadas. “Tanto os concursos estaduais como os municipais são boas opções. A vantagem dos concursos estaduais é que, em tese, eles possuem menor concorrência em relação aos federais. Dessa forma, quem estuda para concursos federais pode sair na frente nos estaduais. Mas o candidato deve ficar atento quanto à adaptação em relação à banca avaliadora, pois esses concursos geralmente são realizados por bancas mais desconhecidas, que são regionais”.
Instabilidade
Wagner Campos está desempregado desde 2015. Em empresas privadas, já trabalhou como tapeceiro, laminador, auxiliar de produção e montador de autopeças. No último emprego, trabalhou durante quatro anos. Após ser demitido, Wagner passou a recorrer aos “bicos”, mas se deu conta da instabilidade das oportunidades presentes no setor privado. “Sempre fui responsável, assíduo. O que acontece é que na empresa privada você dá o seu melhor, mas quando o rendimento cai e a empresa entra em crise, a demissão acontece”, lamenta ao contar que já havia passado pela mesma situação em 2008, quando foi mandado embora por corte de funcionários.
Agora, Wagner se dedica a prestar concursos. “Sempre me interessei pela área de segurança pública. Até agora prestei um concurso para o cargo de guarda municipal, do qual já passei na primeira etapa, também prestei um estadual pra polícia militar e atualmente estou estudando também para o concurso do INSS”.
Patrícia Dondoni também conhece essa realidade. Formada em ciências da computação, ela está desempregada há quase um ano. Mesmo com vasta experiência profissional na área, tendo sido analista de sistemas, líder de projetos, supervisora em serviços e por último gerente de projetos, Patrícia não encontra vagas de emprego. “Me sinto muito desanimada. Fazer concursos públicos é a minha única saída”. A gerente de projetos estuda há oito meses e já apostou em três concursos estaduais.
Ela conta que por 15 anos trabalhou em uma mineradora como gerente de projetos, supervisionando mais de 200 terceirizados. “Quando a crise da empresa contratante começou, pediam que encerrássemos os contratos. Eu fazia os desligamentos e pensava ‘uma hora vou ser eu a demitida’ e essa hora chegou. Procurei fazer uma nova graduação para ter um leque maior de possibilidades. Muitas pessoas que conheço tiveram que mudar de profissão porque já não conseguiam emprego em suas áreas”. Patrícia chegou a perder uma oportunidade porque a empresa considerou seu currículo “pesado”, argumentando que alguém com tanta experiência não se fixaria no emprego por querer oportunidades melhores.
Já com Gabriel Brito foi diferente. Formado em ciências contábeis, ele decidiu abandonar o emprego por vontade própria. Em agosto de 2015 ele saiu da empresa em que trabalhava como supervisor de telemarketing. Gabriel diz que tomou a decisão, pois seu horário de trabalho mudava frequentemente e por várias vezes teve que trabalhar também nos finais de semana. “Eu precisava de qualidade de vida. Já saí focado em estudar para concursos. Procurei alguns empregos, mas sempre questionei o critério de escolha em entrevistas. Nem sempre quem consegue a vagas é realmente por ser capacitado. Em concursos isso não acontece. De fato, passa quem for melhor”.
Superação
O desemprego também bateu na porta da assistente social Gorete Melo. Ela trabalhava em uma empresa há 20 anos e em 2007 houve um corte de pessoal. A empresa alegou que o salário da assistente daria para arcar com os custos de dois funcionários. Com quase 40 anos, Gorete se viu com a necessidade de procurar um emprego. “Quando você vai chegando aos 40 anos, o mercado vai se fechando. Isso também aconteceu principalmente por eu ter me fixado por 20 anos em um só local. Eu fazia o que gostava e tinha um bom salário. Tinha acabado de comprar uma casa e um carro, que tive que me desfazer. Achei que ia ficar na empresa até me aposentar”, desabafa.
Ela conta que após a demissão, conseguiu empregos terceirizados e temporários que não proporcionavam estabilidade financeira. Foi aí que Gorete decidiu apostar no estudo para concursos e os resultados vieram após cerca de três anos de preparação. “Consegui uma bolsa num cursinho para concurso, mas estava há anos sem estudar. No início você não passa, depois vai sendo classificada, até que consegue passar. Fiz dois concursos municipais no Rio de Janeiro, um para Nova Iguaçu, em 2012, e outro para Maricá, em 2014 e passei nos dois. No momento estou aguardando para ser chamada em outra seleção que prestei em 2015 para a UFRJ, para atuar na área administrativa. Lutar por uma vaga no serviço público foi a melhor coisa que eu fiz. Hoje estou muito feliz”.
Saiba Mais
Quem pretende conquistar uma vaga no serviço público encontra atualmente cerca de 19 mil oportunidades com inscrições abertas em mais de 140 concursos públicos em todo o país. Saiba mais aqui. Recentemente, órgãos como Saneago, Inca, Polícia Civil do DF e IBGE lançaram editais com vagas regionais, com salários atrativos de até $ 16 mil.
Saneago
Formados em enfermagem podem concorrer a duas vagas em processo seletivo simplificado da Empresa de Saneamento de Goiás (Saneago). As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até 10 de maio na sede da empresa. A remuneração é de R$ 6.082,36.
Inca
A oportunidade é de caráter temporário, com 30 vagas para técnicos em radioterapia. O salário é de R$ 3.037,57. Interessados em concorrer às vagas devem se cadastrar até 6 de maio.
Polícia Civil do DF
A Polícia Civil do Distrito Federal disponibiliza 100 vagas para perito criminal de terceira classe. Formados nas áreas de ciências biológicas, ciências contábeis, ciência da computação/ informática, engenharia,farmácia/bioquímica, física, geologia, odontologia e química podem participar da seleção. As inscrições devem ser feitas até 5 de maio. O salário é de R$ 16.830,85.
IBGE
A seleção foi autorizada e o edital sai até junho. Serão dois processos seletivos, um nacional e outro para o Rio de Janeiro. O primeiro oferta de 1.500 para nível médio, no cargo de agente de pesquisa e mapeamento. E o segundo vai abrir 325 vagas para nível superior, sendo 300 para agente de pesquisa por telefone e 25 para supervisor de entrevista por telefone. A banca das seleções já foi escolhida.