Em 2008 passou em seu primeiro processo seletivo. Com salário de R$ 1,7 mil, ele foi aprovado em 12º lugar no cargo de técnico em financiamento e execução de programas e projetos educacionais do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). “Era um cargo de nível médio com salário não muito bom, por isso já entrei com a cabeça voltada para mais estudos”, relembra. “Aí passei a conciliar trabalho, faculdade e estudos para concursos. Para tanto usava todo meu tempo disponível, no almoço e depois das aulas, sempre de forma constante e disciplinada”.
Pouco tempo depois, em 2009, Carlos passou para o posto de assistente técnico-administrativo da Receita Federal, em 6º lugar no Distrito Federal. O cargo também exigia nível médio, mas com salário um pouco melhor: R$ 1.947,07. Já em 2011, passou em 7º lugar para técnico jurídico da Procuradoria Geral do DF, cargo de nível médio com salário de R$ 4 mil. Para o concurseiro, o segredo de uma aprovação atrás da outra é a dedicação total. “Antes de sair um edital, eu estudava cerca de três horas por dia as matérias básicas e, após sair o regulamento, tirava férias do trabalho para me dedicar integralmente às disciplinas específicas”.
Tudo ia bem, até que em dezembro de 2011 Carlos foi surpreendido pelo edital do Senado Federal. Ele e todo o país. Afinal, não era para menos, já que uma das sedes do Poder Legislativo federal abria 246 chances com salários astrais que variavam de R$ 13.833,64 a R$ 23.826,57. Carlos se animou com os números. Ele e mais 157.939 candidatos que se inscreveram na seleção. Foi, de fato, o concurso do ano. “Já tinha uma bagagem boa de conteúdo na época, mas levei um susto com o edital e passei a me dedicar exclusivamente. Cheguei a pedir exoneração da Procuradora só para isso”.
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Como estratégia de estudo Carlos foi contra o que muitos preparatórios para concurso aconselham, estudou uma matéria por vez - chegou a se dedicar a direito constitucional por semanas, até vencer todo o conteúdo exigido. Nesse intervalo fazia resumos todos os dias e revisava todo o conteúdo ao final da dedicação a cada matéria. A prática de exercícios também era constante, principalmente de provas já aplicadas de cada disciplina – ele não se detinha nas questões específicas do órgão ou do cargo. “Sempre me preparei para o pior. Para o Senado, estudei todo o conteúdo programático, mas apenas metade do regimento. É quase impossível fechar o edital. Você tem que fazer uma escolha com base na sua experiência sobre o que é mais cobrado nas provas”, aconselha.
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No dia D, 11 de março de 2012, Carlos estava tranquilo, para ele acabou sendo mais um dia em que colocaria seus conhecimentos à prova. “Não achei que passaria, tanto que já tinha um plano B, que era iniciar os estudos para a Polícia Rodoviária Federal já no dia seguinte”. Ele realmente já tinha feito a matrícula para freqüentar cursinho para a PRF, mas não foi preciso. Dos 120 pontos da prova do Senado, Carlos fez 105 e passou em primeiro lugar para policial legislativo federal (cargo que exigiu nível médio e ofereceu 25 vagas e salário de R$ 13.833,64).
“Comemorei por muito tempo com a família, fizemos aquele churrasco e todos estavam felizes por mim. Foi muito inesperado, realmente não achei que ficaria em primeiro lugar”. A nomeação veio em setembro daquele ano. Atualmente ocupa o cargo de chefe do Serviço de Suporte Jurídico da Secretaria de Polícia do Senado Federal e dá aulas de direito em cursos preparatórios como o IMP Concursos. Em quase quatro anos de trabalho, Carlos já conhece os benefícios e as mazelas do órgão. “O Senado tem uma remuneração muito boa e um horário de escala de trabalho flexível, o que possibilita boa qualidade de vida. Como órgão, porém, tem muito que evoluir em relação ao trato com o servidor, por se tratar de um órgão muito político, é comum que a parte técnica às vezes não seja muito observada”, analisa.